Diferente de uma segunda qualquer, mas também diferente do que costumava ser. A segunda de carnaval com trio elétrico, vai e vem de foliões, bloquinho e fanfarra no circuito Barra-Ondina não aconteceu pelo segundo ano seguido, por conta da pandemia. Tampouco houve feriado ou recesso em razão da maior festa de rua do mundo. Mesmo assim, os baianos e turistas lotaram as praias do local na tarde de ontem.
Na areia da Praia do Farol, era difícil encontrar espaço para outro guarda-sol. Nos estabelecimentos, algumas fanfarras tocavam as músicas clássicas do carnaval e as pessoas aproveitavam para dançar e pular, tentando aproveitar ao máximo as comemorações que tentavam substituir as festas de rua. A música que ecoava no local fazia com que todos cantassem, mesmo que de forma contida: “por isso chame, chame, chame gente. E a gente se completa, enchendo de alegria. A praça e o Poeta”, de Moraes Moreira.
Muitas pessoas que poderiam estar trabalhando, já que o governador da Bahia, Rui Costa, decretou que o estado não teria feriado prolongado ou ponto facultativo no período do carnaval neste ano, conseguiram de alguma forma tirar uma folguinha no trabalho para curtir o dia de sol no mar e nos bares da Barra. A engenheira Raiana Pereira, de 30 anos, dançava a clássica música de Moraes Moreira enquanto andava pela areia do mar.
Ela, que é de Alagoinhas, veio para Salvador na intenção de curtir o carnaval. Raiana conta que viaja desde 2016 para festejar na capital baiana. A engenheira foi para festas privadas realizadas neste ano, mas, segundo ela, nada se compara a energia dos trios elétricos, do empurra-empurra da pipoca e dos blocos. “Carnaval de rua é em Salvador, não tem outro lugar. Tô morrendo de saudade. Por mais que a gente tente fazer algo parecido, não vai ser a mesma coisa que estar na rua diante da espontaneidade do carnaval”, relata.
Quem também saiu do interior para curtir o carnaval na Bahia foi a pedagoga Mariana Barreto, 30, que veio com a irmã, mãe e filho de Santo Estevão. “To com uma folgazinha até amanhã (hoje). Chegamos ontem, pegamos praia e já vamos embora amanhã de manhã”, conta. Ao contrário de Mariana, que nunca curtiu o carnaval de rua de Salvador, sua mãe, Mariane Barreto, 65, costumava sair de Santo Estevão quando era mais jovem e ficava na casa de suas irmãs que moravam na capital só para festejar. “Eu sou apaixonada pelo carnaval. Eu curtia na pipoca, na muvuca mesmo, eu amava”, diz a aposentada. (Correio)
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