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COPOM PODE TER SE PRECIPITADO AO INDICAR MENOR RITMO DE ALTAS

Redação - 03/02/2022 13:15 - Atualizado 03/02/2022

O mercado não ficou nem um pouco surpreso com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em aumentar os juros básicos da economia (Selic), em 1,5 ponto-percentual. Os investidores já estavam preparados para uma taxa de dois dígitos, mas nem todos esperavam que o BC sinalizasse para o começo de uma desaceleração no ciclo de aperto monetário já a partir da próxima reunião do Comitê, nos dias 15 e 16 de março. “Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros”, diz o trecho do comunicado do Copom, que mais chamou atenção.

De maneira geral, os analistas acreditam que a mensagem aponta para um aumento nos juros menor do que 1,5 ponto-percentual na próxima reunião. Nada muito certo, já que, ao contrário das últimas reuniões, o Copom deixou o mercado sem previsibilidade a respeito dos seus próximos passos. “O Copom deixou de sinalizar que o ajuste da próxima reunião vai ocorrer na mesma magnitude [das últimas reuniões], como vinha fazendo nos meses anteriores”, observa Maria Cândido, sócia da HCI Invest.

Atitude precipitada?

Alguns especialistas questionam se este é o momento certo para o Copom acenar com a possibilidade de redução no ritmo de alta dos juros. Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, acredita que a autoridade monetária pode ter se precipitado ao comunicar essa sinalização já na reunião de fevereiro.

“Entendo que pode ser um pouco traiçoeiro deixar essa definição. Você tem uma evolução da inflação ainda em ritmo bem alto, sem sinais de que está cedendo nesse primeiro trimestre do ano e o mercado precifica pontas da curva de juros em patamares mais altos por conta da inflação persistente”, afirma Cruz.

O estrategista também destacou outros trechos da comunicação do BC, como o cenário menos favorável por conta da alta de juros nos Estados Unidos e o avanço da Covid-19, postergando a normalização das cadeias globais de produção. São questões que fogem da alçada do BC e, ao contrário do ano passado, a autoridade monetária reconhece que vai ser muito mais difícil cortar juros este ano.

“Entendo que isso é uma mensagem para uma boa parte do mercado que fala que o ciclo [de alta de juros] se encerra agora no primeiro semestre, mas que o ano pode acabar com uma taxa de juros menor. Acredito que esse trecho do comunicado diz o contrário, existe risco sim de que o exterior pressione para que o Banco Central deixa os juros em patamar mais altos por mais tempo”, disse Cruz.

Foto: divulgação

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