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CHUVAS: CIDADES BAIANAS VIVEM DE DOAÇÃO DE COMIDA

Redação - 06/01/2022 07:45 - Atualizado 06/01/2022

Prateleiras caídas, sujeira por todos os lados e produtos revirados e cobertos de lama. Esse é o cenário dos mercados em cidades baianas atingidas pela chuva intensa de dezembro, como Dário Meira, Ubaíra, Medeiros Neto e Itabuna. Muitos estabelecimentos ainda estão com as portas fechadas. A maioria já foi limpa, mas segue sem funcionar por falta de dinheiro dos comerciantes para recomeçar o negócio do zero. Com isso, muitos locais estão desabastecidos e moradores dependem de doações para comer.

Dona Eunice Barbosa, de 53 anos, é dona do Restaurante da Dó, em Dário Meira. O local, que fica no Mercado Municipal, no centro da cidade, foi destruído pela água e segue fechado. Todos os produtos foram perdidos. “O centro foi a região mais crítica. No Mercado Municipal, todos os estabelecimentos foram invadidos pela água das chuvas”, conta Dona Eunice. A empresária diz que, nem que tivesse dinheiro para comprar novos produtos e reabrir o restaurante, isso seria possível. Dário Meira foi uma das cidades mais afetadas pelas chuvas, com 90% do território submerso. Dos sete supermercados, não sobrou nenhum.

“Não tem mercado, estamos vivendo de doações. Está tudo fechado, todos foram afetados. As ruas ainda estão cheias de alimentos e outros produtos espalhados que foram perdidos por causa da água e da lama; aí só estão esperando o lixo passar e recolher”, acrescenta. “A prioridade é se alimentar. A reabertura do restaurante fica em segundo plano”, ressalta a moradora. Eunice diz que a rotina agora é pegar fila no ponto montado no início da cidade para buscar doações e correr o risco de voltar para casa de mãos vazias. “Nesta segunda (3) eu fui e já não tinha mais alimento disponível, nem produto de limpeza, nada. Só água mineral porque o abastecimento de água voltou ontem. Estou aqui com o que peguei no domingo (2)”, finaliza.

Outro morador de Dário Meira, Helder Costa, de 40 anos, também está dependendo de doações. “Todo o comércio foi afetado e fica muito difícil limpar porque a água cai, mas a demanda é alta porque todo mundo quer limpar os estabelecimentos e casas, aí acaba a água de novo e fica nessa. Não tem mercado aberto, mesmo quem tem dinheiro está precisando de doações”, diz Helder, que teve a residência afetada pela água e está abrigado na casa de amigos.

“Só a praça principal se salvou porque é um local mais elevado. A devastação foi grande. As ruas ainda estão até hoje cheias de entulho, lixo, lama. A prefeitura está recolhendo, mas é muita coisa. Todo mundo ainda tem muito trabalho pela frente para reerguer a cidade”, acrescenta o morador. Quem teve o negócio invadido pela água, ainda não sabe quando vai reabrir as portas. Uberlan Ribeiro, de 48 anos, é dono da Padaria Novo Pão, também em Dário Meira. No local, a água atingiu a altura de 2,5m e levou embora todos os produtos. “A gente perdeu tudo porque a água chegou muito rápido, não deu tempo de tirar nada”, diz.

“Eu preciso levar um técnico para olhar a situação das máquinas e também comprar novos produtos, mas não tenho condições de fazer isso agora e não sei quando vai dar. Isso depende de dinheiro e as coisas estão muito caras; a situação não estava boa, com essa chuva aí piorou de vez”, acrescenta Uberlan, que morava em um quartinho nos fundos da padaria e precisou ser acolhido na casa de amigos.

Foto: divulgação

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