As chuvas intensas que devastaram as regiões Sul e Extremo-Sul da Bahia provocaram também prejuízos para o turismo de cidades como Porto Seguro e Itacaré, onde as empresas do setor amargam cancelamentos e remarcações de passagens aéreas e passeios; além de baixo movimento em restaurantes e hotéis. Na agência de viagens AR Turismo, que recebe visitantes em Porto Seguro, o diretor Artur Alberti relata a perda de R$ 50 mil no acumulado dos últimos dias.
Os temporais no interior do estado deixaram um saldo, até esta quarta-feira (15), de 12 mortos, 6.770 desabrigados, 18.130 desalojados e 273 feridos, segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado da Bahia (Sudec). A população total que sofre as consequências do temporal é de 233.704 pessoas. Ja os municípios onde ocorreram mortes são: Itamaraju, Amargosa, Itaberaba, Ruy Barbosa, Itapetinga, Macarani, Prado e Jucuruçu.
Trancoso, o destino mais vendido da AR Turismo, ficou quatro dias sem energia elétrica e não foi possível ir até lá com os clientes. Já os passeios à praia do Espelho só devem retomar em duas semanas, se a estrada ajudar. A região entre o distrito e Caraíva, conhecida como Vale dos Búfalos, ficou submersa com a subida do rio Buranhém.
“Tivemos, nas últimas duas semanas, muito cancelamento de passeio, o que gerou muita devolução. Hoje, o que mais vende é Trancoso, e não conseguimos atender pela falta de energia. Só domingo, deixamos de levar 200 passageiros, ou seja, deixamos de vender uns R$ 30 mil em passeio. Quem tinha mais tempo na cidade, a gente conseguiu remarcar. Mas, muitos pediram devolução. Todo dia estou fazendo e, só ontem [terça-feira (14)], devolvi R$ 17 mil no banco”, conta o empresário Artur Alberti em entrevista ao Jornal Correio.
A retomada das visitas à praia do Espelho, a segunda mais procurada, deve ser retomada só final de dezembro. “Tem que baixar o nível do rio e ver como vai ficar a estrada”, diz Alberti. O secretário de turismo da Porto Seguro e vice-prefeito, Paulo Onishi (conhecido como Paulinho Toa Toa) afirmou que vai elevar a ponte do rio 1,2 metro para que as chuvas não atrapalhem a travessia.
Para o guia de turismo Daniel Isidoro, a semana também foi de prejuízo. Ele estava com um grupo de 3 mil pessoas programado para conhecer o Centro Histórico de Porto Seguro. Porém, o Centro ficou completamente inundado de três a quatro dias, o que impossibilitou a programação. Algumas pessoas remarcaram o passeio para sexta-feira (17), mas, a maioria cancelou. Segundo ele, cada um dos 19 guias perdeu entre R$ 800 a R$ 1 mil.
“As pessoas estão com medo das chuvas, as estradas não têm acesso, então os hotéis estão sofrendo com cancelamento. Prejudicou muito porque a cidade está cheia, mas não podemos fazer passeio, nem city-tour no Centro Histórico, passeio de escuna para Caraíva ou praia do Espelho”, diz. “O rio dos frades subiu dois a três metros e na Passarela do Descobrimento as barracas nem montavam”, completa.
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