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SAIBA COMO A QUEDA DO PIB AFETA SUA VIDA

Redação - 04/12/2021 10:40

“A gente tem redução do PIB num cenário de inflação alta. É o custo subindo e a riqueza diminuindo, como se estivéssemos sendo estrangulados pela economia”.É assim que o economista Rafael Sales, consultor econômico na Arazul Capital, resume como a ‘recessão técnica’ afeta na prática a vida das pessoas. Nessa quinta-feira (2), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) do país recuou pela segunda vez seguida, o que configura o cenário da recessão técnica, como os economistas classificam dois trimestres seguidos de retração no PIB

No segundo trimestre, o recuo foi de 0,4% comparado com o primeiro trimestre do ano e, agora, a queda foi de 0,1% em relação ao período anterior. “Quando há uma redução no PIB, a expectativa é que, no trimestre seguinte, volte a aumentar. Se isso não ocorre e existem duas quedas seguidas, é formada uma tendência de redução do PIB, o que liga o sinal de alerta, pois diz que alguma coisa na economia está errada”, explica Sales. Ele ainda destaca que eventos na economia contribuíram para a desaceleração da atividade produtiva e consequente redução do PIB. É o caso do aumento do preço da energia elétrica, que desestimula a atividade industrial, o crescimento no preço dos combustíveis, que encarece os transportes e a queda nas exportações do setor do agronegócio, que costumava refletir positivamente no PIB brasileiro.

“A Bahia tem uma indústria que produz muito para outras empresas do setor e, se o nível da atividade industrial está em queda, consequentemente, há menos demanda por produtos e contratos, o que pode prejudicar a indústria, impacta no PIB do estado e também na geração de emprego”, diz Sales. Outro problema que pode vir associado com a recessão técnica é a queda no poder de compra da população, de acordo com o especialista. Somado isso a um cenário de aumento nos preços dos alimentos, o resultado é o crescimento da pobreza não só na Bahia, mas em todo o país. “São mais famílias brasileiras que vão para a situação de vulnerabilidade econômica, o que cria pressões sociais muito fortes”, declara.

A autônoma Arlene Oliveira, 51, vive na prática as pressões sociais e o sentimento de estrangulação citados pelo economista Rafael Sales. “A coisa desandou de um jeito que nunca vi na vida. Estava agora pensando, chorando e pedindo ajuda a Deus. É fome, insegurança, problemas de saúde… se for só pensar nisso, a verdade é que a gente perde a vontade de viver”, desabafa. Arlene tem um negócio de venda de bolos pelas redes sociais, mas viu seus clientes reduzirem ao longo do ano. “Tinha uma padaria que pegava meu produto e fechou. Eu não consigo mais fazer entregas longe da casa por causa do preço da gasolina. E as pessoas estão sem dinheiro. Fiquei também sem dinheiro para investir no negócio. Hoje não tenho postado fotos de novos produtos, pois não tem. Só faço o repost dos bolos antigos”, lamenta.

A queda nas vendas é, na prática, a redução do poder de compra de Arlene, que ainda tem que enfrentar a alta nos preços gerada pela inflação. No final do mês, a conta não bate. “Todo mês tem de cinco a 10 dias em que temos que comer no café da manhã biscoito cream cracker e café preto, depois esticar o máximo possível para de tarde almoçar feijão cozido com cebola e óleo e ovo ou frango”, conta. Na casa de Arlene vivem também a filha, que está desempregada, e o marido, o único assalariado. “Hoje, procuro um emprego, uma oportunidade para  mim ou para minha filha para sairmos dessa situação. É a fé de que o futuro será igual a como era antes que me mantém de pé”, afirma. Quem quiser ou puder ajudar ou comprar os produtos de Arlene, pode entrar em contato com ela pela página do Instagram @ateliearleneoliveira_.

Foto: divulgação

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