Para filiar Jair Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, deixou costuras da eleição paulista nas mãos do mandatário e aceitou lançar Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) para o Governo de São Paulo. A definição da chapa, porém, depende ainda de uma resposta do ministro, que resiste a enfrentar a empreitada. A expectativa no entorno do presidente é que Tarcísio dê uma resposta até o dia 30, quando Bolsonaro se filiará ao PL.
A chapa dos sonhos de Bolsonaro tem Tarcísio para o governo do estado e Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, para o Senado. Com gestão controversa à frente da pasta e criticado por ambientalistas, Salles deixou o cargo em junho, mas emplacou Joaquim Leite como sucessor. Ele mantém boas relações com o clã Bolsonaro, ao contrário de outros ex-ministros.
Segundo aliados, Salles já aceitou a empreitada, contanto que Tarcísio seja o nome para o Palácio dos Bandeirantes. Senão, prefere ser candidato a deputado. Em 2018, ele tentou uma vaga na Câmara pelo Novo, mas não se elegeu. Caberá agora ao ministro da Infraestrutura decidir se enfrentará, na sua primeira eleição, a máquina tucana no maior colégio eleitoral do país. Tarcísio sempre rejeitou essa possibilidade, mas, segundo interlocutores, estaria agora menos refratário do que antes.
O ministro teria se animado ao ver uma oportunidade eleitoral com a recente aproximação do ex-governador e líder nas pesquisas para o governo paulista Geraldo Alckmin do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teria assustado parcela de seus eleitores. Apesar da vontade de Bolsonaro, pesa contra a candidatura de Tarcísio o fato de ser pouco viável eleitoralmente no estado.
Mesmo ministros de Bolsonaro e aliados de Tarcísio afirmam que, com a missão, irá para o sacrifício. Eles dizem acreditar que o ministro aceitará o convite por gratidão ao chefe do Executivo e à visibilidade que ganhou graças a ele. A “missão”, jargão bolsonarista, significa garantir palanque para o presidente nos 645 municípios paulistas. O estado é considerado chave para a reeleição do mandatário no ano que vem.
Caso não aceite o convite de Bolsonaro, Tarcísio também poderá enfrentar um caminho que outros ex-aliados do presidente enfrentaram, o da fritura. Quem conhece o presidente diz que ele teria dificuldades de perdoar. O ministro hoje prefere ser candidato ao Senado por Mato Grosso ou Goiás, onde ele tem mais viabilidade eleitoral.
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