O acidente aéreo que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas completa uma semana nesta sexta-feira (12), com a investigação ainda em andamento. A perícia na área do acidente foi finalizada na tarde do sábado passado, a aeronave já foi levada ao Rio de Janeiro para análise, e os próximos passos incluem ouvir as testemunhas oculares dos instantes que precederam a queda. As amostras do material genético das vítimas do acidente aéreo foram enviadas ao Instituto Médico Legal (IML) em Belo Horizonte para exames toxicológicos. A previsão é que o inquérito seja concluído em 30 dias. O acidente aconteceu na zona rural de Caratinga, a cerca de 300 km de Belo Horizonte. A aeronave atingiu um cabo da torre de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e perdeu sustentação, o que teria levado à queda. A simulação exibida neste sábado (6) pelo Jornal Nacional mostra como foi o acidente.
Veja o que se sabe até o momento sobre o acidente:
A cantora e sua equipe estavam a bordo de uma aeronave de modelo King Air C90a, fabricada em 1984. Ela tinha capacidade para seis passageiros e situação regular, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). As documentações e autorizações da equipe de voo também estavam em dia. O piloto Geraldo Medeiros conhecia as regras da aviação e tinha 15 anos de profissão. Henrique e Juliano, que fazem parte de uma dupla sertaneja, venderam a aeronave de modelo C90A, número de série LJ-1078, pouso convencional 2 motores turbo-hélice em 9 de julho de 2020 para a empresa PEC Táxi Aéreo.
No sábado seguinte ao acidente (6), o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou que o avião não tinha caixa-preta – o equipamento não é exigido para este tipo de aeronave. No entanto, foi encontrado um geolocalizador, que poderá ser confrontado com o plano de voo.
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) confirmou que a aeronave atingiu um cabo de uma torre de distribuição. A linha de distribuição atingida está localizada fora da zona de proteção do Aeródromo de Caratinga. Segundo o delegado regional da Polícia Civil de Caratinga, Ivan Lopes Sales, um cabo estava enrolado em uma das hélices do avião. Porém, ele disse que não dá para afirmar que o cabo é o que se rompeu na torre de transmissão de energia da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Há dois alertas para obstáculos próximos ao aeroporto de Caratinga em documentos chamados INFOTEMP, emitidos pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Essas informações são públicas e de conhecimento obrigatório para pilotos. Mas os obstáculos no aviso não são os cabos de alta tensão, por estarem além dos limites do Plano Básico de Proteção do Aeródromo. Nos meses anteriores ao acidente, outros pilotos já haviam relatado aos órgãos aéreos da região que os fios elétricos atrapalhariam o pouso no aeródromo de Caratinga. São relatos chamados Notam (Notificação Aeronáutica), que indicam dados sobre riscos e alertam outros pilotos que se dirigem à região sobre perigos para operar no local.
Equipes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e de uma empresa de guincho particular resgataram, na segunda-feira (8), os dois motores do avião que caiu na zona rural de Caratinga, causando a morte da Marília Mendonça e de mais quatro pessoas.
Os destroços do avião que caiu com a cantora e compositora Marília Mendonça chegaram na noite desta terça-feira (9) ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. A fuselagem, dividida em partes menores, passará por uma perícia detalhada em um hangar da Aeronáutica. Já o motor do avião segue para Sorocaba, em São Paulo.
O que falta esclarecer sobre o acidente:
Ainda não está claro o porquê de o avião estar voando baixo. Especialistas alegam que o piloto manteve a aeronave abaixo da rampa de pouso. Na análise feita por Roberto Peterka, especialista em segurança de voo, ele deveria estar em torno de 100 metros acima dos cabos com os quais colidiu.
O trabalho de investigação do Cenipa e da Polícia Civil de Minas Gerais agora está focado em ouvir testemunhas do acidente e analisar instrumentos e destroços do avião para esclarecer os motivos da tragédia. Segundo um dos relatos ouvidos pelas autoridades, o avião da cantora teria perdido um dos dois motores ainda no ar, após colidir com os fios. O dono da empresa aérea PEC Aviação, Milton Salsicha, foi ouvido na tarde de segunda-feira (8). O teor do depoimento não foi divulgado pela Polícia Civil.
Foto: divulgação