O cenário de longo prazo para a economia baiana é positivo, especialmente se forem concretizados alguns investimentos públicos e privados. No âmbito público, dois projetos de porte têm capacidade para alavancar a economia: a Fiol – Ferrovia Oeste- Leste e a ponte Salvador-Itaparica. Em operação, a Fiol, vai fazer da Bahia um player produtor de minério de ferro e vai criar um corredor de transporte capaz de alavancar a produção de minérios e o agronegócio, gerar oportunidades de negócios ao longo da ferrovia, dinamizar centros urbanos e a área portuária de Ilhéus.
E a concretização dos outros trechos, ligando Caetité a Barreira e daí a Figueirópolis, vai fazer do estado um corredor logístico para a produção brasileira de grãos. Se, além disso, for resolvido o gargalo da Ferrovia Centro Atlântica, que embora abandonada é a mais importante ferrovia do país no sentido Nordeste/Sudeste, e o governo exigir investimentos de porte da atual concessionária, a Bahia será um dos estados brasileiros mais bem aquinhoados em termos de logística ferroviária.
Já a ponte Salvador-Itaparica vai criar um novo vetor de crescimento em uma cidade que possui uma única ligação rodoviária com o Sudeste do país, a mal administrada BR 324, abrindo oportunidades de negócios em diversas áreas, incluindo, turismo, indústria, comércio, mercado imobiliário, logística, inclusive portuária, e agronegócio. Meus amigos urbanistas reclamam do efeito na paisagem e da altura do vão central, mas uma ponte cortando a baía de Todos os Santos vai embelezar ainda mais a paisagem, à semelhança da ponte do Brooklin, da Golden Gate ou da ponte Rio-Niterói. Será turismo na veia e cartão postal disseminado em todo mundo.
Quanto ao vão é preciso ressaltar que com poucos ajustes navios de grande porte poderão entrar na BTS, lembrando que as plataformas de petróleo e os mamutes dos mares devem mesmo contornar a parte central da baía. Ou seja, se sair do papel, com quatro pistas de cada lado e sob o bojo de um projeto de desenvolvimento, será ótimo para a Bahia.
No âmbito privado, o estado tem investimentos previstos que vão transformá-lo num grande produtor de energia, com destaque para a energia eólica e solar e num dos maiores produtores de gás natural do país. Além disso, tem investimentos em campos maduros de petróleo e vai retomar a produção de petróleo e coque de forma plena, gradualmente, e já a partir de janeiro, quando a Refinaria de Mataripe estiver sob controle privado. Isso sem falar nas pequenas e médias empresas industriais com investimentos em andamento e, assim, em 2023/2024, a indústria vai retomar seu lugar na formação do PIB baiano.
O cenário de longo prazo para os segmentos ligados ao setor de serviços é mais complicado, contudo já se vislumbra a retomada de vários segmentos, a exemplo do turismo e entretenimento e do turismo de negócios, que, com o Centro de Convenções, vai deslanchar em 2022. Mas tudo isso depende da situação econômica do país e se refere ao médio prazo.
No curto prazo o que se vislumbra é um ciclo de juros e inflação em alta, cotação do dólar nas alturas, demanda em baixa, instabilidade política, setor fiscal pressionado e perspectiva de baixo crescimento em 2022. Mas o cenário é de crescimento futuro, especialmente se em 2023 o país der início a um período de calmaria e responsabilidade na política e na economia.
A RETOMADA DA FAFEN
A retomada da produção da planta de fertilizantes da antiga Fábrica de Fertilizantes do Nordeste (Fafen) pelo Grupo Unigel, inaugurada ontem, é também um investimento com desdobramentos positivos. A unidade da Fafen é a maior fábrica de fertilizantes do Brasil, junto com a unidade de Sergipe e sua produção é fundamental para a cadeia de fertilizantes e para o agronegócio, que é um pilar da economia baiana. A fábrica também é integrada à indústria química brasileira fornecendo insumos a mais de 20 cadeias produtivas, sendo mais de 10 fábricas só no Polo Industrial de Camaçari. É mais um sinal da retomada da indústria baiana que começa a ver a luz no fim do túnel.
Publicadono jornal A Tarde em 04/11/2021