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TAXISTAS ADEREM A UBER PARA TIRAR RENDA EXTRA EM SALVADOR

admin - 25/10/2021 07:04

Quando a Uber surgiu em Salvador, os taxistas não viram com bons olhos. Rudnei achou uma injustiça: “Eles não deixavam a gente entrar na plataforma e só fomos perdendo cliente”. Alan não acreditou que fosse dar certo: “A gente tinha o costume de entrar em bairros mais perigosos de Salvador. Eles não”. Já Vailson  ficou mesmo foi com raiva. “O movimento despencou para uns 30% do que fazíamos normalmente”, lembra. Hoje, esses três taxistas estão no grupo que deixou a ‘rivalidade’ de lado – não o táxi – e aderiu ao aplicativo de transporte para complementar a renda.

“Alguns colegas não gostam. Eles ficam cismados e dizem que estou traindo a classe. Mas essa concorrência entre táxi e aplicativo é saudável para regular os preços das viagens. E eu quero me beneficiar dessa concorrência e quero beneficiar meu cliente. Como não sou vereador, não levanto bandeira, para mim foi necessário fazer isso, pois preciso pagar as contas”, relata Alan dos Santos Figueiredo, 39 anos, que diz ter visto o faturamento aumentar 40% depois que começou a conciliar as duas ocupações.

Em média, num dia, ele faz quatro corridas de táxi e 14 por aplicativo. “Normalmente, eu começo o dia fazendo alguma corrida pelo táxi. Depois, ligo o aplicativo e vou trabalhando até o horário de almoço quando normalmente alcanço minha meta. Após descansar, volto a ficar no táxi até quando acaba o horário de engarrafamento. Logo após, ainda uso o aplicativo para encerrar meu trabalho”, diz. Toda essa rotina pode parecer trabalhosa, mas Alan jura que encontrou mais tempo livre graças a essa nova configuração. “Com o Uber, você consegue ter uma mobilidade maior. Dá para sair mais cedo, almoçar em casa, começar a trabalhar um pouco mais tarde. A oferta de trabalho é maior, pois eu tenho as duas opções de viagens. Atendo tanto ao público que usa aplicativo, como o que usa táxi”, explica.

O taxista Rudnei da Silva, 48 anos, tem essa mesma linha de pensamento, mas adere a outra estratégia de trabalho. “Eu fico no ponto do Hospital da Cidade e faço uma corrida no táxi para qualquer lugar. Para voltar para o ponto, eu vou com o aplicativo ligado para o carro não ficar vazio e eu conseguir um dinheiro a mais”, diz o rapaz, que também observou aumento do faturamento com essa estratégia. “O problema dos táxis é o baixo volume de corridas. Eu costumo pegar, por dia, umas dez no táxi e até mesmo o dobro de viagens no aplicativo. Por outro lado, a Uber alcançou clientes que nunca entraram no táxi, pois não conseguiam pagar. Eu pego às vezes alguns passageiros que dizem isso”, conta.

Rudnei tem experiência de 30 anos no táxi e apenas um mês com Uber. “Só recentemente que eles vieram me aceitar na plataforma, porém eu já usava há uns cinco anos o 99 e o Wappa, por exemplo”, diz. A reportagem perguntou a Uber quando eles passaram a aceitar taxistas na plataforma, mas não obteve retorno até o fechamento do texto. “De cara, alguns passageiros ficam assustados, pois não esperavam que fosse um táxi. Depois, eles se sentem mais à vontade, pois sabem que no táxi a corrida costuma ser mais segura, o veículo é geralmente mais bem conservado. Nós taxistas somos muito fiscalizados e costumamos oferecer um serviço diferenciado”, diz Alan dos Santos.

Já Rudnei acredita que essa fiscalização nos motoristas de aplicativo deveria ser maior ou mais parecida com a que ocorre com os taxistas. “Nós pagamos várias taxas, mas temos um diferencial que é a possibilidade de ofertar o serviço e táxi também. Eu acho errado a fiscalização ser pesada no táxi e não ter nos motoristas de aplicativo. Eles fazem o que querem”, diz.

Foto: divulgação

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