Um estudo realizado pelo Sebrae no começo de 2021, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que a pandemia do coronavírus atingiu negócios liderados por mulheres negras mais do que qualquer outro público. Mais da metade (52%) das micro e pequenas empresas lideradas por mulheres paralisaram em definitivo ou ao menos temporariamente. Segundo o Relatório Especial de Empreendedorismo Feminino no Brasil, também do Sebrae, 36% das mulheres negras fecharam suas empresas ou pararam seus negócios. Um dos maiores motivos foi o fato de muitas não possuírem estrutura para conseguir realizar serviços de entrega ou online.
Empreendimento nordestino, fundado por quatro mulheres periféricas, o EcoCiclo tenta mudar essa realidade e também se apoia em números para dar uma força a 30 empreendimentos liderados com mulheres e que trabalhem vendendo itens sustentáveis. As inscrições do edital vão até esta segunda-feira (11) e tem o objetivo de abrir vagas para que mulheres empreendedoras de produtos do tipo tenham sua própria loja, como explica a baiana, e co-fundadora da empresa, Hellen Nzinga, de 25 anos, que mora em Fazenda Coutos..
O marketplace (ambiente de vendas online) do EcoCiclo registrou um aumento de 112% no número de compradores de itens sustentáveis no país. Atualmente 55% dos brasileiros são consumidores de produtos sustentáveis e em 2020 o e-commerce teve faturamento 111 bi, estima-se que sustentabilidade está na lista das TOP 3 preocupações para mais de 32% dos brasileiros, porém apenas 23% das mulheres têm acesso à ferramentas profissionais de negócios fazendo com que elas não acessem ao mercado promissor de e-commerce sustentável.
Com a proposta de automatizar esse processo através do e-commerce, na plataforma de marketplace as mulheres podem vender seus produtos com a infraestrutura e segurança de um shopping online, tem acesso às mentorias sobre empreendedorismo, vendas, marketing e logística, gratuitamente, além de poder contar com a inteligência de mercado para seu negócio, utilizando o recurso de Business Intelligence (BI), ou seja, com base nos dados colhidos na comercialização de produto ou serviço na plataforma, a empreendedora recebe orientações especializadas para otimização da sua loja virtual.
Hellen explica que o intuito é utilizar as informações em estratégias para aumentar os resultados, reduzir custos e encontrar oportunidades de negócios. “É a segunda chamada que fazemos. A primeira foi voltada somente para empreendedoras de Salvador, agora estamos fazendo para todo o Brasil. Sabemos que ter uma plataforma estruturada pode ser um ponto de virada para negócios de mulheres e nós nascemos com o objetivo de impactar a vida de pelo menos um milhão de pessoas”, explica Hellen.
Absorvente 100% biodegradável
Também co-fundadora do EcoCiclo, Karla Godoy acredita que sustentabilidade também é cuidar das pessoas. A marca nasceu lançando o primeiro absorvente 100% biodegradável do Brasil há 3 anos, após as três fundadoras se conhecerem num evento de formação de lideranças em São Paulo. O produto é biodegradável, vegano e hipoalergênico, diferente do absorvente normal, que é feito de plástico – um derivado do petróleo que demora de 100 a 500 anos para se decompor. O EcoCiclo é feito de fibra de bambu e demora até 6 meses para se decompor, além de ser atóxico e hipoalergênico.
“Uma pessoa que menstrua usa de 10 a 15 mil absorventes durante a vida, ou seja, são 10 a 15 mil absorventes que levam até 500 anos para se decompor. O primeiro absorvente foi criado em 1940, então o primeiro absorvente criado existe no mundo até hoje”, disse Hellen. O marketplace da empresa, atualmente, tem três marcas: A.colher Biocosméticos; Oi, Floor; e Óleos da Mi. As três lojas vendem produtos como plantas, broches, óleos vegetais e acessórios diversos.
Foto: divulgação