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NÚMERO DE REBANHOS DESPENCA E BAHIA TEM PIOR ÍNDICE EM 20 ANOS

Redação - 30/09/2021 07:00 - Atualizado 30/09/2021

Na contramão do país, o rebanho bovino da Bahia encolheu no ano passado. De acordo com pesquisa do IBGE, divulgada ontem, em 2020 o estado contava com 9,74 milhões de cabeças de gado –  o pior número desde 2000. Essa quantidade  representa uma redução de 4,6% em relação a 2019, o que significa menos 466,2 mil animais em apenas um ano.

Há 10 anos, a Bahia estava entre os três estados líderes na criação de cabeças de gado. Eram 10,5 milhões de bois e vacas calculados, de acordo com o IBGE, em 2010. Hoje, o estado ocupa  a nona posição, representando  4,5% das 218,2 milhões de cabeças de gado existentes no Brasil.

Ao contrário da Bahia, o rebanho bovino do Brasil cresceu 1,5% em 2020. Foi a segunda alta consecutiva, influenciada pelo aumento no preço do boi gordo, do bezerro e o crescimento nas exportações de carne. No entanto, esses fatores não foram suficientes para fazer com que houvesse o mesmo crescimento por aqui. Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Humberto Miranda Oliveira, acredita que isso tenha ainda relação com o período de seca vivio entre 2013 e 2015.

“Esses são dados oficiais, do IBGE, e a gente não pode contestar. O período de estiagem levou a diminuição do rebanho e teve o abate de fêmeas que diminui, a médio e longo prazo, a quantidade de animais, já que a fêmea é responsável pela reprodução e nascimento de novos animais”, argumenta. Já o presidente do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados do Estado da Bahia (Sincar), Júlio César Melo de Farias, aponta falta de investimentos no setor.

“Para quem já foi terceiro lugar, ocupar a nona posição é péssimo. Quando não é a seca, é a crise. Quando não é crise, é a pandemia. Fato é que falta investimento. Os frigoríficos estão fechando, inclusive na RMS. Alguns reduziram sua capacidade de abate. É questão de tempo para o Maranhão passar a Bahia e ficarmos no décimo lugar. Hoje, 40% da carne consumida aqui vem de fora. Não conseguimos competir com outros estados e esse é o resultado”, desabafa.

Esse cenário prejudicial pode impactar todo o setor agropecuário, como explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Ração e Nutrição Animal do Estado (Sindnutri), Marcelo Plácido. “Em volume, a cadeia bovina é de menor representatividade para a gente, mas é obvio que impacta. É uma redução de décadas. A Bahia vai caindo enquanto outros estados sobem. Infelizmente, é uma realidade muito causada também por fatores climáticos”, lamenta.

Redução do gado bovino na Bahia foi o segundo pior do Brasil

A redução de 4,6% (466,2 mil) na quantidade de cabeças de gado na Bahia foi a segunda maior de todo o país. Apenas o Rio Grande do Sul apresentou índices piores, com redução de 840,1 mil bovinos no período (-7,0%). Os maiores rebanhos da Bahia, em 2020, estavam em três cidade do Sul do estado: Itamaraju, com 169 mil cabeças, Itarantim, com 144,2 mil animais, e Itanhém, com 143,6 mil animais.

Apesar da queda geral no rebanho bovino baiano, 100 municípios do estado viram seus efetivos crescerem entre 2019 e 2020. Dentre eles, o destaque ficou com Correntina, no Oeste da Bahia, que teve o segundo maior aumento absoluto (de 98.033 para 132.371 animais) e passou, em um ano, da 13ª para a 5ª posição no ranking estadual.

Menos representativos na Bahia, o IBGE registrou também queda nos rebanhos bufalinos (búfalos), equinos (cavalos e éguas), suínos (porcos) e codornas. Já os caprinos (cabras e bodes), ovinos (ovelhas e carneiros) e galináceos (frangos e galinhas), mais representativos na economia, tiveram altas. Os dois últimos chegaram a bater novos recordes.

No caso dos galináceos, entre 2019 e 2020, o plantel desses animais no estado aumentou de 47,5 milhões para 47,7 milhões, a uma taxa de 0,5%, que representou mais 230 mil cabeças em um ano. Com isso, a Bahia quebrou novamente o recorde de 2019 e atingiu o maior patamar dos 46 anos de realização da PPM, que começou em 1974.

O aumento no número de galináceos foi puxado pelo crescimento do efetivo de galinhas poedeiras (para produção de ovos), que passou de 6,05 milhões para 6,84 milhões de animais entre 2019 e 2020. Hoje, a Bahia tem o sétimo maior efetivo do país, respondendo por 3,2% do total nacional, que foi de 1,5 bilhão de cabeças.

Tanto em 2019 quanto em 2020, Barreiras (7,2 milhões de animais), Conceição da Feira (3,3 milhões) e Luís Eduardo Magalhães (3,2 milhões) foram as cidades com os maiores plantéis de galináceos na Bahia.  Já os ovinos e caprinos baianos tiveram o segundo maior aumento absoluto do país, o que ajudou o estado a manter sua posição de líder nacional nesses dois rebanhos de médio porte, com 4,7 milhões de ovinos e 3,6 milhões de caprinos em 2020. Mais que isso, o efetivo baiano de ovinos foi o maior desde o início da realização da PPM.

Em 2020, a Bahia respondeu por 22,8% de todos os 20,6 milhões de ovinos do Brasil e por 30,1% do rebanho brasileiro de caprinos, de 12,1 milhões de animais. O município baiano de Casa Nova lidera nacionalmente nos dois rebanhos, com os maiores efetivos de caprinos (538,0 mil) e ovinos (468,1 mil animais) do Brasil.

Foto: divulgação

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