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HANG FINANCIOU BLOGUEIRO ACUSADO DE FAKE NEWS COM AJUDA DE EDUARDO BOLSONARO, APONTAM DOCUMENTOS

Redação - 25/09/2021 07:42

Documentos obtidos pela CPI da Pandemia revelaram como o blogueiro Allan dos Santos, acusado de disseminar fake news, conseguiu financiamento de um empresário bolsonarista, Luciano Hang. Para isso, ele teve ajuda do filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL). A CPI apurou que políticos, empresários e sites usaram a rede de disseminação de fake news — conhecida como “gabinete do ódio”. Para a CPI, a estrutura começou antes da Covid, mas ganhou força na distribuição de informações falsas sobre a pandemia.

A TV Globo teve acesso a documentos da CPI. A comissão afirma que um filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, trabalhou para conseguir financiadores para o grupo. Um deles, uma troca de mensagens entre Eduardo Bolsonaro e o blogueiro Allan dos Santos de janeiro de 2019. Allan dos Santos é investigado em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal que apuram disseminação de fake news, ameaças a autoridades e financiamento de atos antidemocráticos.

De acordo com a Polícia Federal, nas mensagens, Allan pede que Eduardo Bolsonaro o ponha em contato com o empresário Luciano Hang. A CPI também teve acesso a uma conversa entre o blogueiro Allan dos Santos e o empresário Luciano Hang. Depois de procurado por Allan, Luciano Hang responde: “Eduardo Bolsonaro me falou que conversou contigo”.

Luciano Hang foi convocado pela CPI da Pandemia. O depoimento dele está previsto para a próxima quarta-feira (29). Para a CPI, Allan dos Santos é um dos principais disseminadores de fake news sobre a pandemia. “O que nós concluímos e identificamos na Comissão Parlamentar de Inquérito é a existência de uma verdadeira organização criminosa de fake news que teve papel determinante no agravamento da pandemia. Veja, essa organização criminosa começa a se articular e se constituir a partir de 2019, e, na pandemia, para reforçar o discurso negacionista do presidente da República e do seu governo”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-preisdente da CPI.

A CPI investiga também Bernardo Kuster, apontado como mais um disseminador de informações falsas. Os senadores recolheram mais de cem postagens dele com mentiras sobre a pandemia. Documentos obtidos pela comissão mostram que, no dia 2 de abril do ano passado, Bernardo articulou ataques ao governador de São Paulo, João Dória. Nesse dia, Dória anunciou novas medidas de combate ao vírus. E trocou postagens com o ex-presidente Lula sobre deixar as diferenças de lado durante a pandemia. GDO é a sigla usada para o gabinete do ódio.

A PF afirma que os suspeitos de fazerem parte do gabinete passaram a usar a expressão para se referir ao grupo antes mesmo da pandemia. Em outro documento em poder da CPI, o assessor especial da presidência, Filipe Martins, também menciona o gabinete do ódio. Ele se refere a um outro assessor, Tércio Arnauld, como membro original do gabinete. “Tudo que aconteceu foi consequência da participação dessa figura macabra amoral que é esse gabinete do ódio, que não tem outro objetivo senão o objetivo de disseminar mentiras, de atacar alvos previamente selecionados e de participar dessa forma desinformando em todos os episódios marcantes na vida nacional”, disse Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI.

O que dizem os citados

Luciano Hang afirmou que as afirmações são uma “narrativa absurda”, que não faz parte de gabinete nenhum e que é mentira que ele tenha patrocinado veículos de internet que disseminaram desinformação. O Jornal Nacional não conseguiu contato com Eduardo Bolsonaro, Allan dos Santos, Bernardo Kuster, Filipe Martins e Tércio Arnaud.

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