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BAHIA: CRESCE EM 40% O NÚMERO DE CORRESPONDENTES BANCÁRIOS

Redação - 20/09/2021 11:50 - Atualizado 20/09/2021

Seja pela aposta na tecnologia, pelos bancos enxugando a folha de pagamento ou pela violência de assaltos, o número de agências bancárias vem diminuindo na Bahia. Ao mesmo tempo, vem subindo a quantidade de correspondentes bancários para suprir a demanda. Considerando os últimos cinco anos, o crescimento desses estabelecimentos foi de 40%. Segundo dados do Banco Central, são 873 agências no estado, contra 21.946 correspondentes bancários, ou 22.282 – se contarmos as casas lotéricas. Enquanto isso, em 2021, dos 417 municípios, 183 não têm nenhuma agência, o que representa 43,9%.

Sabe a lotérica na esquina de casa? Aquele comércio que recebe boletos no seu bairro e aquela unidade dos Correios onde era possível abrir uma conta? Ou ainda aquela construtora que, além de vender imóveis, também oferece acesso a crédito? Esses estabelecimentos são os chamados correspondentes bancários, que funcionam como pessoas jurídicas contratadas por instituições financeiras para oferecer alguns dos seus serviços aos cidadãos, com intermédio do Banco Central.

A quantidade desses estabelecimentos é 12% maior que no mesmo período do ano passado, quando o estado acumulou 19.842 correspondentes, sendo 19.493 sem contar as da Caixa Econômica. Quando o período considerado aumenta, a porcentagem acompanha. Em setembro de 2016, eram 15.998 correspondentes – ou 15.646, sem as lotéricas, 40% a menos do que o total em operação em 2021. A empresa Prosegur, por exemplo, saltou de 650 substabelecidos que atuavam como correspondentes em 2020 para 800 em 2021.

Para quem mora na capital, fica difícil imaginar um cenário em que não existe um banco em cada esquina. A funcionária pública Susana Santana, 55 anos, enfrenta a realidade de morar numa cidade sem nenhuma agência bancária. O município de Antas, a 320 quilômetros de Salvador, já chegou a contar com três agências e perdeu a última, do Banco do Brasil, há cerca de quatro anos. “A agência passou por uns cinco roubos, aí fechou e dizia que ia reabrir, mas até agora nada. Hoje, funciona como posto, não tem dinheiro, você só faz transferência, não pode fazer depósito e nem saque”, conta a moradora.

Antas está entre os 183 municípios baianos sem agências bancárias. Os dados informados pelo Banco Central através do Sindicato dos Bancários da Bahia mostram que há uma tendência de desaparecimento desse tipo de estabelecimento. Em 2019, eram 164 municípios sem agências (39,3% do total do estado). Já em 2020, o número subiu para 173, com aumento de mais 10 cidades em 2021. Nos últimos cinco anos, 35 municípios baianos entraram para a lista dos que não têm agência bancária. (Confira aqui a lista de agências e postos de atendimento do país por município)

Dos cerca de 19 mil habitantes de Antas, quem precisa movimentar dinheiro tem que ir até Jeremoabo ou Cícero Dantas, que são cidades vizinhas. Existe um mercadinho no município que funciona como correspondente, mas não supre as necessidades dos moradores. “O dinheiro que entra no mercadinho é pouco, então para sacar depende do dia. E se for um salário ou uma aposentadoria, que tem valor mais alto, só em outra cidade mesmo. Aí eu pago no cartão, faço Pix, mexo pelo celular, mas não é todo mundo que pode e quem sofre mesmo são os comerciantes”, explica Susana.

A proprietária do mercadinho que funciona como correspondente, Evaneide Santos, 46, diz que a parceria com o Banco do Brasil é vantajosa tanto para ela quanto para os moradores da cidade. “É uma assistência para a população e é bom para mim porque eu mesma uso para sacar dinheiro para mim e os clientes vêm tirar dinheiro e já fazem as compras na minha loja. Tem sido bem atrativo para o comércio, meu ponto foi um dos primeiros e agora já tem uns oito na cidade”, ressalta. Evaneide admite, contudo, que o limite de saque é de R$1,5 mil e que nem sempre o valor está disponível. “A gente não tem tanta venda assim e tem outro fator também: eu não gosto de ficar com muito dinheiro aqui porque acho perigoso. Depois que o mercadinho virou correspondente, já fomos assaltados duas vezes”, conta ela.

Foto: divulgação

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