Caetano Veloso lançou, nesta quinta-feira (16), o single “Anjos Tronchos”, uma das oito faixas inéditas de seu novo disco. Nesta sexta-feira (17), está programado ainda o lançamento de um videoclipe.
“Embora eu não conheça muito a questão da tecnologia e das suas consequências, eu fiz uma canção que parece mexer em questões muito maiores do que seu autor é capaz de dominar. Tem muitas canções que tiveram resultados políticos, na formação da cabeça de gerações, de áreas da sociedade, e que não foram feitas por uma pessoa que conhecesse teoricamente a complexidade daquele assunto. Eu terminei pensando: ‘Deu para fazer uma canção que pode ser como uma dessas’”, comentou o cantor e compositor baiano após o lançamento.
A letra comenta a força das grandes empresas de tecnologia e os algoritmos que ditam rumos das pessoas e nações; cita a Primavera Árabe, cujo papel das redes sociais foi marcante para as manifestações; fala dos “Palhaços líderes brotaram macabros/ No império e nos seus vastos quintais” – referência a Jair Bolsonaro, que é apelidado de Bozo pelos opositores -, impulsionados pelas fake news na internet.
“Um post vil poderá matar/ Que é que pode ser salvação?/ Que nuvem, se nem espaço há/ Nem tempo, nem sim nem não/ Sim: nem não”, questiona o artista baiano, que em seguida dá pistas do que pode ser a solução. “Mas há poemas como jamais/ Ou como algum poeta sonhou/ Nos tempos em que havia/ tempos atrás/ E eu vou, por que não?/ Eu vou, por que não? Eu vou”, diz a letra, citando um trecho de “Alegria, Alegria”, um clássico de sua autoria.
Ao final, também sob olhar otimista do que a tecnologia pode oferecer, a canção traz ainda uma menção a cantora Billie Eilish. “Uns anjos tronchos do Vale do Silício/ Tocaram fundo o minimíssimo grão/ E enquanto nós nos perguntamos do início/ Miss Eilish faz tudo o quarto com o irmão”, diz a letra.
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