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EMPRESAS BRASILEIRAS BATEM RECORDE DE IPOS NOS EUA

Redação - 17/08/2021 15:41

A janela para IPOs, segundo muitos analistas, segue aberta no Brasil. Prova disso é que quase 50 empresas já concluíram seu processo de listagem na B3 em 2021. Mas o que se tem visto do outro lado da fresta é um tempo nublado, com questões políticas e econômicas interferindo no sentimento do mercado.

Não por acaso, o Ibovespa sofre para retomar a tendência altista registrada no primeiro semestre. O índice devolveu todos os ganhos que registrou no ano e parte considerável das empresas que seguiram com o processo de abertura estão registrando valorização negativa até aqui.

Enquanto isso, o número de empresas brasileiras que escolhem abrir capital em Wall Street vai crescendo. É claro que não dá para dizer que o movimento é exclusivamente uma consequência destas instabilidades de curto prazo no mercado nacional, mas a listagem internacional faz sentido para algumas companhias.

Nos últimos 5 anos, tivemos as seguintes listagens segundo mostra levantamento da Stake: Nexa Resources e Netshoes (já fechou), em 2017; PagSeguro, Stone e Arco Educação, em 2018; XP e Afya, em 2019; Vasta e Vitru, em 2020; Vinci, Pátria, VTEX e Zenvia, em 2021. E, ao que tudo indica, teremos outras em breve.

Entre as empresas que podem desembarcar na NYSE ou na Nasdaq ainda este ano, estão nomes como Nubank e Hotmart. Segundo informações adiantadas pelo jornal Valor Econômico e confirmadas pelo CNN Brasil Business, o movimento pode ainda ser engrossado por Elo, CI&T e Conductor, além de Ebanx e Creditas no início de 2022.

“É difícil prever o futuro, mas o ano tem sido incrível, com empresas do mundo inteiro listando ações em Wall Street. Acreditamos que o Brasil é uma parte importante do nosso crescimento e que mais algumas empresas do país podem abrir capital na bolsa de Nova York ainda este ano”, diz Alex Ibrahim, chefe de mercados internacionais da NYSE.

“Além de empresas de tecnologia, setor pelo qual respondemos por 70% do mercado, enxergamos potencial em segmentos como saúde e marcas de consumo. Entendemos que outras companhias brasileiras querem se juntar a nós e, quando pudermos viajar, estarei no primeiro voo para São Paulo.”

A VTEX, empresa especializada em soluções de e-commerce que concluiu o processo no último mês de julho, estava à procura de uma vitrine maior. “A listagem é muito importante para dar visibilidade e confiabilidade ao nosso negócio. Somos uma empresa internacional e com ambições globais, e isso justifica nossa escolha pela NYSE”, disse à época Geraldo Thomaz, co-CEO da empresa.

Para Guilherme Zanin, estrategista da Avenue Securities, trata-se de uma tendência global. Ele recorda que, antes da intervenção do governo da China e do subsequente bloqueio das operações pela SEC, a CVM americana, mais de 60 empresas chinesas abririam capital nos EUA este ano.

“Entendo que essa tendência se dá por uma combinação de vários fatores. Temos, por exemplo, um volume maior de capital disponível nas bolsas americanas, com investimentos mais voltados para o longo prazo e com recursos que ficam alocados em uma moeda mais forte”, diz.

Já Roderick Greenlees, chefe global de banco de investimento do Itaú BBA, entende que o movimento é, e continuará sendo, nichado. Um exemplo disso são as empresas que, quando decidem abrir capital, possuem concorrentes listados nas bolsas norte-americanas.

“2021 está sendo um ano muito positivo para o mercado de capitais, seja no Brasil ou lá fora. E, entre as empresas brasileiras, temos uma relação de 90% a 10% em termos de listagens locais e internacionais. Isso demonstra que apenas uma pequena parcela sai do país para realizar IPO”, diz.

“Até mesmo entre as empresas de tecnologia, que tinham pouca presença na B3, avançamos com nomes como Locaweb e Méliuz. Então, as empresas que optam por fazer lá fora, é porque querem se comparar com pares lá de fora. Não acredito que teremos grandes alterações em termos de volume.”

Greenlees argumenta, no entanto, que os últimos 10 dias acenderam uma luz amarela no mercado nacional. Com problemas políticos e fiscais por resolver, o país pode encontrar um nível de aversão a riscos maior do que o restante do mercado. E, caso isso se arraste, é possível que haja consequências na próxima janela de IPOs.

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