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AS FINANÇAS DO ESPORTE CLUBE BAHIA – POR ARMANDO AVENA

admin - 12/08/2021 09:11 - Atualizado 12/08/2021

A pandemia afetou as finanças do Esporte Clube Bahia. A suspensão de público nos estádios e dos contratos de TV, além da redução pela metade do número de sócios, fez as receitas despencarem em 2020. O faturamento do clube, que foi de R$ 190 milhões em 2019, caiu para R$ 128 milhões, gerando, mesmo com a redução de despesas, um déficit de R$ 50 milhões em 2020. Em contato com esta coluna, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, disse que enfrentou a  situação reduzindo as despesas e fez um acordo com os jogadores adiando o pagamento de 13º salário, férias e contratos de imagem para 2021.

Segundo ele, a situação foi tão dramática que no auge da pandemia, com a aprovação do conselho fiscal, colocou recursos do seu patrimônio pessoal para fazer um empréstimo de R$ 1 milhão ao clube, sem juros ou correção monetária, para poder pagar os salários de funcionários que ganham até 3 mil reais. O empréstimo já foi pago assim como 20% dos débitos salariais dos jogadores. Segundo ele,  o Bahia  realizou um forte ajuste de despesas e a folha de pagamentos, que estava em R$ 5,5 milhões, foi reduzida para R$ 4,4 milhões e hoje os salários estão em dia, com atraso de apenas um mês nos contratos de imagem. Bellintani afirma que a crise foi grave, mas a situação está melhor em 2021.

A receita entre janeiro e maio foi de R$ 96 milhões, o que, anualizado, representará um faturamento de R$ 230 milhões,  20% maior do que em 2019 e 80% maior do que em 2020. Como o faturamento no 2º semestre é sempre maior do que no primeiro, bem como o valor pago pelas transmissões esportivas – que representa mais da metade do orçamento do clube – as perspectivas para 2021 são boas. Além disso, a venda do Fazendão para a Construtora MRV por R$ 22 milhões trará mais recursos mensais ao clube já que o pagamento será parcelado em 30 vezes, reajustado pelo IPCA.

Lembro que o preço por m2 oferecido pela MRV está bem abaixo do mercado para um terreno localizado no Jardim das Margaridas, mas Bellintani diz que a área tem restrições. “Na verdade, o terreno não está localizado no Jardim das Margaridas, mas no bairro de Utinga. Além disso, há restrições já que está  inserido no cone de aproximação do aeroporto, abriga  uma adutora da Embasa e parte dele é considerado como área ambiental”, diz o presidente. Segundo ele, o terreno foi avaliado por peritos, estabelecendo-se um valor mínimo de R$ 18 milhões e máximo de R$ 26 milhões. Apenas a MRV se apresentou, mas o presidente do Bahia diz que o clube está aberto a novas propostas. O Bahia ficou 12º lugar em faturamento entre os clubes brasileiros em 2020 e o déficit de R$ 50 milhões foi o terceiro menor entre eles, mostrando que administrativamente o clube está indo bem. Agora é preciso mostrar o mesmo desempenho em campo.

                              A INFLAÇÃO AVANÇA

 Há mais de seis meses essa coluna diz que a inflação vai subir. E o Banco Central demorou para aumentar os juros. Agora, que a inflação em 12 meses já atingiu 9%, corre atrás do prejuízo e terá que aumentar a Selic para mais de 7% para conter o dragão. No início, os aumentos eram pontuais, mas disseminaram-se por toda economia e passaram a ter caráter inercial, ou seja: os produtores aumentam preços porque todos estão aumentando. Inércia inflacionária, somada ao estouro de preços de energia e combustíveis, taxa de câmbio alta, preços dos insumos nas alturas e crise fiscal, com o governo querendo adiar pagamento de precatórios e aumentar o valor do Bolsa Família, é gasolina na boca do dragão.

                   BAHIA: UMA ECONOMIA DE COMMODITIES

 Basta olhar para a pauta de exportações da Bahia para ver que o estado está se especializando em commodities. Entre janeiro de julho de 2021, as exportações cresceram quase 21% e alcançaram 5,3 bilhões de dólares. O desempenho expressivo é resultado da alta de preços generalizada das commodities, mas indicam também que a Bahia, após um ensaio de industrialização, voltou a ser uma economia especializada na venda de produtos primários. Entre os 10 principais produtos da pauta, soja e grãos representam 30% das exportações, petróleo e petroquímica 25%, minerais, metalurgia e metais preciosos 20%. Se incluirmos a celulose, então 90% das vendas externas da Bahia são de commodities.

Publicado no jornal A Tarde em 12/08/2021

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