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A FORÇA NEGRA DA PERIFERIA NO CENÁRIO MUSICAL BRASILEIRO

Redação - 01/08/2021 13:41 - Atualizado 03/08/2021

Artista baiano fala sobre a importância de ser voz ativa para a comunidade LGBTQIA+ na arte.

Ao longo dos anos a arte tem oferecido possibilidades diversas de expressão, representatividade, inclusão e ressignificação. Os espaços, hoje ocupados por representantes artísticos da comunidade, precisou ampliar-se para a manifestação de novas vozes e vivências, criando locais de reconhecimento e decisão no cenário musical brasileiro.

Em meio a esse contexto, artistas LGBTQIA+, negros e jovens de origem periférica estão cada vez mais pertencentes aos espaços de transformação, tornando-se referências de superação, inovação e criatividade.

Mais do que o pertencimento a qualquer grupo, a nova geração artística foca em ser voz de representatividade para os demais, onde, por meio das suas músicas, indagam estigmas e preconceitos acerca de identidades de gênero e orientações sexuais, dissolvendo as demarcações e contrapondo os estereótipos sociais já inaceitáveis.

É neste cenário musical que surge novos nomes na arte, a exemplo do baiano Edoux, cantor e compositor soteropolitano, parte dessa nova geração artística que sabe a importância do seu posicionamento e representatividade para jovens, mulheres, negros e LGBTQIA+.

Enquanto homem gay, preto e com raízes na comunidade, Edoux sabe das dificuldades para conseguir alcançar lugares importantes. “Para muitos, é um cenário quase que irreal pensar na possibilidade de sair da periferia para trilhar um caminho de autoconhecimento, arte e principalmente possibilidade de ser quem é”, fala.

Com sua arte, música, roupas, conhecimento e personalidade, Edoux mostra que seguir o caminho da autenticidade é possível. “Eu busco sempre ressignificar o que o público já espera conhecer, seja em vestuário, na maquiagem, na abordagem sobre temas específicos e na desconstrução da binaridade nesses aspectos. Cada pessoa LGBTQIA+ tem uma vivência específica, eu trago a minha vivência. Só eu posso contá-la”, ressalta.

Para o compositor, a arte conta de forma fidedigna a sua história, afirmando que pertencer a comunidade LGBTQIA+ faz parte de toda a sua construção de vida. “Essa comunicação e conexão com os meus iguais me fortalece e nos une. Acredito que o meu “trampo” desperta essa energia de pertencimento e quero que essa seja a percepção dos meus, sobre mim. Alguém que está ali pra compartilhar experiências e criar pontes”, frisa Edoux.

Compreendendo desde cedo a sua sexualidade, o artista conta que entendeu que sentia atração pelo mesmo sexo, porém, não somente, e no decorrer de sua adolescência foi se encontrando cada vez mais no G da sigla. “Hoje entendo com muito mais clareza que a sexualidade é algo fluido, eu posso ser quem eu quiser, quando eu quiser e não preciso me colocar dentro de outra caixa”, declara.

Como parte significativa para o artista, os pontos importantes de sua carreira ressaltados e exaltados para o público LGBTQIA+, são o amor, união, respeito consigo mesmo e com quem difere do outro, por menor que seja a diferença. “A sigla é imensa e diversa, já existe exclusão e preconceito demais vindo daqueles que não fazem parte dela. Precisamos nos enxergar como uma unidade plural de apoio e troca de experiências e, acima de tudo, resistência”, destaca.

Edoux ainda fala que sua arte musical e expressão artística são sinônimos de liberdade, como forma de mostrar a sua essência. “Nos meus trabalhos eu trago exatamente a minha experiência em me desvincular do que me impedia de ser quem eu sou na minha totalidade. Além disso, a questão visual tem sido outro ponto libertador para me reconhecer em diversas possibilidades de expressões”, finaliza.

foto: Victor Carvalho- Divulgação

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