O ministro da Cidadania, João Roma, jogou todos os ovos numa cesta só: todas as suas opções políticas passam necessariamente pelo sucesso de Jair Bolsonaro. Em política, nunca se faz isso e a forma como Roma tem se posicionado, fechando com Bolsonaro não apenas nos acertos, mas também nos erros, mostra que ele ainda tem pouco traquejo com os meandros da política. Postura bem diferente, tem adotado, por exemplo, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que vem adotando uma postura técnica, esquivando-se dos rompantes bolsonaristas e pavimentando o caminho para uma candidatura em 2022. Roma, pelo contrário, vem assumindo o papel de defensor de todas as teses do presidente, mesmo as mais esdrúxulas, e assim joga no tudo ou nada.
Políticos mais experientes como Jaques Wagner e o ex-prefeito ACM Neto trabalham sob outra ótica e estão montando as chapas que vão concorrer às eleições em 2022 sob o signo da articulação, lapidando apoios, buscando alianças, ampliando o leque de opções. No lado de Wagner, as opções são muitas e passa pela composição com o PSD de Otto Alencar e o PP de João Leão, já ACM Neto articula-se com o PDT de Ciro Gomes e não descarta, na ampliação de suas alianças, uma aproximação com um candidato de centro que representa a terceira via.
Roma, ao contrário, segue a cartilha que o levou ao Ministério da Cidadania, nas qual reza apoio a tudo que Bolsonaro prega, inclusive voto impresso, tratamento precoce e outras bobagens mais. Perde assim a oportunidade de mostrar-se ao povo baiano como uma alternativa nova na política e de estabelecer suas próprias propostas, seus próprios caminhos, mantendo-se no ministério, mas sem acompanhar as loucuras do seu chefe.
Com isso, Roma fechou a porteira e só tem a alternativa de cada vez mais alinhar-se à extrema-direita e fechar com tudo que o presidente disser. Se Bolsonaro recuperar sua popularidade, Roma saíra candidato, com poucas chances de entusiasmar o eleitorado baiano, predominantemente contra o presidente, mas com poder suficiente para tirar votos de ACM Neto e fazer ferver a política baiana. Se, pelo contrário, a CPI da Pandemia continuar mostrando o lado podre da política de saúde do governo, e envolvendo cada vez mais o presidente, apontando para o impeachment ou para um Bolsonaro tão fraco que sequer estará no segundo turno, aí João Roma dificilmente encontrará espaço político, sequer para eleger-se deputado federal. E aí, o que restará do político João Roma?