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GESTÃO DO DINHEIRO É DESAFIO MAIOR PARA PEQUENOS NEGÓCIOS

Redação - 28/06/2021 09:00 - Atualizado 28/06/2021

A gestão adequada das finanças é a base para o bom funcionamento de qualquer negócio, ainda mais em momentos de instabilidade econômica como o atual. No entanto, pequenas empresas costumam ter mais dificuldades na organização das suas contas, o que, em consequência, acaba prejudicando vários aspectos de sua administração.

Os negócios de menor porte, frequentemente, sofrem mais, desde o início, pela falta de recursos financeiros. Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em gestão financeira da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), explica que, “do ponto de vista das finanças, os pequenos empreendedores já estão dando tudo que podem usar naquele momento, para iniciar suas empresas. Então é muito raro você ter um negócio pequeno com o dono capitalizado”, afirma.

Para além dessa tendência de um começo mais difícil, especialistas observam que a organização financeira costuma ser deixada de lado pelos pequenos empresários na “correria” do dia a dia. A organização do caixa e da reserva de emergência acabam não recebendo a devida importância. O gerente de projeto da Empresa Júnior de Administração da Ufba, Matheus Souza, afirma que a má gestão dos recursos diminui a capacidade do empresário de fazer boas escolhas e pode levar ao fechamento do negócio em pouco tempo. “A falta de planejamento financeiro gera decisões mal executadas. É importante ter consciência de que o financeiro é a base para o empreendedor tomar direcionamentos assertivos”, diz.

Na pandemia

Para Cristina Ventin, dona da marca de produtos capilares Dalji Cosmetics (@daljicosmetics), lidar com as questões financeiras da sua empresa é um desafio diário, principalmente durante a pandemia. Nesse cenário incerto, com a queda das vendas, Cristina precisou buscar meios de diminuir suas despesas, criar uma reserva e realizar estratégias de marketing para manter seu negócio lucrativo.

O professor do curso de economia na Universidade Salvador (Unifacs) Alex Gama afirma que empresas menores, como a Dalji Cosmetics, são as mais prejudicadas pela perda do poder aquisitivo da população e pela diminuição das vendas. Os clientes reduziram seus gastos, mas os custos fixos dos negócios continuam existindo e as despesas começam a se acumular.

Alex afirma que a melhor forma de contornar essa perda de receita é reestruturar os custos fixos. Para o melhor planejamento financeiro, o empreendedor deve dar atenção ao fluxo de caixa, seus recebimentos e desembolsos. Além da revisão dos custos e o controle do caixa, outra estratégia é fazer uma política de vendas à vista garantindo melhores condições para o consumidor e dinheiro imediato no caixa.

Diante do fluxo negativo, muitos empreendedores decidem buscar ajuda no crédito. Apesar de parecer uma saída fácil, essa atitude deve ser tomada com bastante cautela. Liliane Rocha, analista do Sebrae na Bahia, enfatiza que o crédito deve ser sempre a última opção, buscado após serem retirados todos os custos desnecessários.

“É importante verificar tudo o que pode ser enxugado no negócio antes, porque o crédito é uma dívida também. Toda dívida, principalmente para uma empresa que já está com dificuldade financeira, acaba fragilizando ainda mais esse negócio. Precisa ser muito bem planejado para que não se torne um problema”, afirma Liliane.

Na tentativa de diminuir os gastos, a negociação é uma grande aliada. “Boas negociações podem ser decisivas para a manutenção da empresa no mercado. A busca pela redução de custo e pelo aumento de rentabilidade tem que ser a obsessão dos empresários”, afirma Ricardo Teixeira, que garante que não há nenhuma situação em que não seja possível negociar, seja com fornecedores ou clientes.

Sempre prioridade

Seja durante as dificuldades da pandemia ou num momento de tranquilidade econômica, as finanças do negócio devem ter sempre grande prioridade. O pequeno empresário pode começar a manter seu controle, de forma simples, por meio de plataformas digitais ou planilhas. Assim que iniciou esse processo, Cristina Ventin teve dificuldade para separar as suas contas pessoais das da empresa. “Inicialmente, esse foi o meu maior desafio”, declara. Liliane Rocha compreende que esse costuma ser o principal problema dos empreendedores mais inexperientes e, por isso, deve ser o primeiro passo a ser executado na organização. “Só fazendo essa separação é possível identificar se está havendo ou não rentabilidade no negócio”, destaca a analista.

Fluxo de caixa

A organização do fluxo de caixa do negócios é fundamental para fazer essa distinção. “Primeiro, tem que saber quanto é gasto no mês e tornar esse valor o menor possível. Com a gestão do caixa é possível projetar quais são as receitas possíveis e quais as despesas que são impossíveis de fugir”, explica Ricardo Teixeira. A boa gestão do fluxo financeiro não serve apenas para controlar o que entra e o que sai, mas também para separar uma quantidade da renda para investir, reinvestir no negócio, estabelecer metas de venda e, assim, garantir a continuidade da empresa. A precificação também é parte importante do processo de administração das contas. Liliane Rocha destaca: “A precificação precisa estar adequada de forma que ela consiga cobrir os seus custos fixos, os custos variáveis e ainda te possibilitar o lucro e a sua remuneração enquanto empresário”.

Busca por auxílio

Num primeiro momento, a gestão financeira pode parecer difícil, mas os empreendedores podem contar com a ajuda de várias instituições e profissionais. O Sebrae oferece, em seu site (sebrae.com.br), serviços digitais de gestão de negócios e emissão de notas gratuitos. A entidade oferece consultorias individualizadas, além de disponibilizar materiais de instrução em suas redes sociais e, assim como a FGV, disponibiliza cursos online (portal.fgv.br).

A empreendedora Cristina Ventin não tinha muito conhecimento sobre finanças empresariais antes de começar sua loja e buscou por especialistas na internet. “Para nós, que somos pequenos empreendedores, ter uma boa gestão financeira é crucial para a manutenção do nosso negócio. Por isso é extremamente importante a busca por conhecimento. Busquei nas redes sociais perfis que ensinavam como administrar melhor o dinheiro e também fiz cursos”, diz. A consulta regular a um profissional da área das finanças, como contadores, também é importante para manter a vida financeira da empresa nos eixos.

Foto: divulgação

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