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ENTREVISTA LUCIANO BRITO, CEO DA UZE, FALANDO SOBRE O VAREJO

admin - 20/06/2021 11:33 - Atualizado 05/07/2021

Por: João Paulo Almeida 

Bahia Econômica – Recentemente o IBGE divulgou uma alta no setor de serviços no Brasil. O movimento é comparado com o do ano passado, quando a pandemia ainda estava inviabilizando alguns setores de voltarem a funcionar na maioria dos estados brasileiros. Qual a perspectiva para o varejo em 2021?

Luciano – A tendência é de alta. Nos estamos muito otimistas que com a vacinação avançando bem, alguns governo estão prevendo para setembro ou outubro o fim para algumas classes importantes, então nós acreditamos que a tendência é que o mercado responda bem até o final do ano, com altas constantes e sucessivas. Eu acredito em uma média próxima aos 20% em alguns segmentos que tendem a se sair melhor nesse momento   

Bahia Econômica – Qual o segmento que em 2021 pode ser o norte de alta para o varejo no Brasil?

Luciano – Existem alguns setores específicos que tendem a se destacar e se destacaram mais nessa pandemia. Farmácia, suplementação, dentre outros são alguns setores que nesse momento estão passando pela pandemia bem, com perspectivas boas para o ano. Porém, isso varia muito de segmento para segmento e de local para local e de como cada uma vai lidar com o momento. Mas num contexto geral, as coisas devem apresentar bons resultados em 2021.   

Bahia Econômica – Quais os pontos mais importantes que a reforma tributária pode trazer para o varejo brasileiro?

Luciano – A reforma tem se arrastado no âmbito da esfera federal entra governo sai governo e ela não progride. Nós já tivemos Temer, Dilma e agora Bolsonaro e ele ainda não tem uma definição clara do que acontecerá com o projeto. Parece que agora ela vai entrar num rumo decisivo para votação. Mas vamos aguardar. Eu acredito que pontos como desburocratização e simplificação dos impostos devem ser defendidos, além de uma possível melhor distribuição e redução de custos de produção. Eu acho que o projeto focando em alguns aspectos como esses pode trazer bons frutos.  

Bahia Econômica – O que foi o American way of life e quais as consequências trazidas para economia da época?

Luciano – Foi um movimento que aconteceu nos Estados Unidos no inicio do século passado que defendia um estilo de vida  de alto consumo por parte das pessoas. As consequências foi uma gigantesca no consumismo na época que delineou a condição da população. Uma espécie de liberalismo econômico estrutural intenso fazia a sociedade norte americana da época definir naquele formato seu estilo de vida. Então muitas pessoas acabaram contraindo dividas gigantescas e a falta de capacidade das empresas de quitar aquele problema foi muito ruim para economia  

Após a primeira guerra mundial os EUA se tornaram responsáveis pela produção de 42% das mercadorias do mundo inteiro e a taxa de desemprego no país era de apenas 4%. O país estimulava o consumo e esse momento de alta passou a ser conhecido como American Way of Life, o estilo de vida americano.
Com o bom momento, os investimentos nas ações das empresas da região na bolsa de valores de Nova Iorque tiveram saltos consideráveis. As pessoas compravam ações com o objetivo de revendê-las assim que as ações valorizassem, pois havia muitos compradores e eles acreditavam que elas se valorizavam muito rápido – isso dava uma falsa sensação de prosperidade.

Em 24 de outubro de 1929, dia que ficou conhecido como quinta-feira negra, mais de 12 milhões de ações foram colocadas à venda, passados quatro dias, 33 milhões de ações estavam à venda. Neste momento, a economia americana despencou. Não posso afirmar que ele foi o estopim da crise de 29, porque existiu um contexto muito diferente, muitas variáveis que eram importantes naquele momento, mas o que afirmo é que o
consumidor daquela época não é o mesmo consumidor de agora.

A “Crise de 29” despertou o mundo para muitas melhorias. A gente tem um perfil completamente diferente, pessoas que têm hábitos de consumo mais conscientes, e que controlam melhor o endividamento da família, sabendo, na maioria das vezes, o tamanho da prestação que cabe no bolso. Aqui na Uze, fizemos uma pesquisa recente que aponta para esta responsabilidade atual do consumidor. E nós como empresa prestadora de serviços financeiros que apoia o varejo, temos a obrigação de ajudar nesse contexto: auxiliar o
consumidor a ser cada vez mais responsável com as escolhas, administrar melhor a vida
financeira para conquistar os bens, produtos e serviços que desejam.

Bahia Econômica – Quais as chances do movimento se repetir nos dias de hoje?

Luciano – Hoje nós temos órgãos governamentais específicos que inibem o descontrole da população no sentido de regular e criar mecanismos protecionistas para a população e para empresas. Temos o CADE temos o Serasa, dentre outros que evitam essa bolha, sólida. Destacamos também a atuação do banco central forte, a atuação do Ministério da economia dentre outros.    

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