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CÚPULA DA CPI DA COVID QUER AUXÍLIO DA PF NAS INVESTIGAÇÕES

Redação - 28/05/2021 08:26

Integrantes da cúpula da CPI da Covid avaliam como necessário o auxílio da Polícia Federal nas investigações feitas pela comissão parlamentar de inquérito, que apura responsabilidades sobre ações e omissões no enfrentamento da pandemia no país. Entretanto, segundo parlamentares ouvidos pelo G1 e pela TV Globo, delegados resistem a participar das apurações com “medo” de serem retaliados pelo comando da corporação, subordinada ao Ministério da Justiça.

Para esses parlamentares, o auxílio de delegados seria útil, entre outras tarefas, para a formulação de questionamentos a testemunhas, elaboração de pedidos de quebra de sigilo, e análise de cerca de 100 gigabytes de documentos sigilosos requisitados e já fornecidos à comissão. “Nós tentamos, e os caras [policiais] não quiseram vir por medo, alguns delegados. O cara que vier para cá, vai ser uma coisa muito difícil para ele”, disse um senador.

Senadores independentes e de oposição ao governo são maioria no colegiado. Somente quatro, dos 11 titulares, são considerados governistas. Um dos aliados do Palácio do Planalto na CPI, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), apresentou um requerimento, ainda não votado, para que sejam disponibilizados delegados da PF para assessorar a tropa de choque governista.

Os parlamentares do chamado “G7”, grupo majoritário na CPI, têm receio de, após a aprovação de requerimentos, que a PF envie policiais federais com inclinação bolsonarista, o que poderia, inclusive, se tornar um obstáculo no avanço das apurações sobre o governo. “Nunca se viu uma instrumentalização tão grande a favor do governo como está sendo feito pelo Bolsonaro. Ele não respeitou a lista tríplice da PGR [Procuradoria-Geral da República]. Ele se lixa para diretor-geral, ele nomeia quem ele quer. Ele troca superintendente da PF a bel prazer”, afirmou um integrante da comissão.

Um integrante da CPI já sugeriu uma alternativa “caseira” para essa consultoria ao grupo de senadores independentes e de oposição. Caberia, segundo essa proposta, aos senadores Fabiano Contarato (Rede-ES) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), ambos delegados de Polícia Civil por formação, a tarefa de analisar documentos sigilosos. “Só que o Alessandro e o Contarato disseram: ‘Nós não temos tempo e não temos acesso a algumas coisas que a PF tem’. E você, para quebrar o sigilo de uma pessoa, tem que ter base”, disse um senador.

Foto: divulgação

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