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QUITAR DÍVIDAS É PASSO INICIAL PARA ORGANIZAR FINANÇAS

Redação - 24/05/2021 13:15 - Atualizado 24/05/2021

O interesse dos brasileiros pela educação financeira está se tornando cada vez maior. Não à toa, o setor de finanças foi o que mais gerou engajamento no Instagram em 2020, de acordo com a plataforma de gerenciamento de redes sociais mLabs. Porém, em meio ao mar de conteúdo, educadores destacam a importância de duas ações básicas para uma vida tranquila: quitação de dívidas e montagem de reserva de emergência.

Os benefícios são óbvios. Ter o nome sujo cria restrições para sua vida financeira, enquanto a falta de uma reserva de emergência pode pesar caso haja imprevistos. As vantagens tornaram-se ainda mais evidentes com a pandemia, que afetou as finanças de milhões de famílias, principalmente aquelas que não possuíam recursos guardados. Por isso, profissionais dão dicas de como se organizar para cumprir essas duas metas fundamentais.

Para limpar o nome, o primeiro passo é identificar todas as dívidas, como recomenda o educador financeiro Marcelo Ferreira. “Reconhecer que está endividado e ter vontade de mudar essa situação já é um avanço. Agora, é preciso listar as dívidas, de preferência ordenando-as da mais cara para a mais barata, para conhecer sua real situação”, diz ele.

Em seguida, é preciso fazer um “raio-x” de sua situação financeira. Anote quais são seus ganhos e seus gastos recorrentes, o que pode ser cortado do orçamento e quanto é possível separar mensalmente para quitar o débito. “Colocando no papel item por item, você terá clareza do que pode ser feito. É preciso identificar o seu limite para saber quais compromissos você pode cumprir”, afirma Roger Oliveira, vice-presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) na Bahia.

Ter um limite é fundamental para o próximo passo: a negociação. A gerente da Serasa, Haila Ismerin, cita a importância de saber quais acordos você pode cumprir ao negociar uma dívida. “Não existe dívida impossível de ser negociada, mas é preciso saber exatamente quantas você pode pagar e qual valor mensal pode ser destinado para quitá-las. Não adianta assumir um compromisso e cumprir apenas um mês”.

É importante, ainda, pensar em quais argumentos os credores podem trazer e mostrar a eles sua real situação. “As propostas dos credores estão dentro dos objetivos deles e nem sempre são as melhores para nossa realidade. Às vezes as pessoas aceitam um acordo sem saber se as parcelas cabem no bolso, e é nessa hora que acabam se enrolando”, explica Roger Oliveira.

Lembre-se que, apesar de parecerem grandes demais para serem pagas, as dívidas podem ser reduzidas e caber no bolso após a negociação. Haila cita que o Serasa Limpa Nome, serviço de negociação do Serasa, oferece acordos com até 90% de desconto nas dívidas e pode ser acessado digitalmente. Além disso, a empresa oferece conteúdos de educação financeira no portal Serasa Ensina. Marcelo lembra, ainda, da importância de confirmar que os credores retiraram o seu nome do serviço de restrição ao crédito após a quitação da dívida. Para isso, é possível consultar diretamente a empresa com a qual o acordo foi fechado ou os órgãos de proteção ao crédito, como o SPC e a  Serasa.

Hora de emergência

Após quitar as dívidas, montar uma reserva de emergência é o próximo passo para a tranquilidade nas finanças. “Como o próprio nome indica, é uma reserva financeira totalmente destinada a um momento emergencial, como um acidente de carro, perda de emprego e possíveis necessidades de saúde. Esse recurso é o que garante que a pessoa terá segurança e tranquilidade para quitar suas necessidades urgentes”, explica Vinicius Assis, sócio do escritório de investimentos Onix Capital.

O isolamento social, por exemplo, pegou de surpresa milhares de trabalhadores que precisaram suspender suas atividades de uma hora para outra. Aqueles que contavam com um fundo para segurança conseguiram passar alguns meses com mais tranquilidade para planejar o futuro, o que deixou claro o peso da reserva de emergência na vida financeira.

O valor da reserva deve levar em conta seu custo de vida. Por isso, é preciso conhecer todos os seus gastos, levando em conta o orçamento de pelo menos 90 dias. O cálculo só depende do nível de estabilidade que você deseja, sendo recomendável que a reserva seja de pelo menos 3 vezes o seu gasto mensal médio, para garantir um trimestre de respiro.

“Para pessoas com estabilidade financeira, que tenham um salário definido, três vezes o gasto mensal já é o suficiente. Já para pessoas no outro extremo, como profissionais autônomos que não possuem um salário fixo, o ideal é ter pelo menos o valor de 12 meses, para ter garantia caso ocorra uma situação mais séria”, afirma Marcelo Ferreira.

Definida a meta, é preciso encontrar um espaço no orçamento mensal para montar sua reserva. Roger Oliveira destaca a importância de não deixar seu custo de vida consumir todos os ganhos, separando pelo menos 10% da renda para uma reserva de emergência e outros investimentos. Sobre aplicações financeiras para a reserva, Vinicius Assis destaca que o foco deve ser a estabilidade, com prioridade para aquelas com baixo risco e que possam ser sacadas o mais rápido possível. “Deve-se buscar ativos de maior segurança e liquidez (capacidade de sacar). Tesouro Selic, CDB’s de grandes bancos com liquidez imediata e fundos de renda fixa pós-fixados são bons exemplos”, diz ele. Contas digitais que rendam pelo menos 100% do CDI também são boas opções.

Roger Oliveira lembra, ainda, da educação financeira como ponto-chave para a vida tranquila, e destaca a importância de manter hábitos de organização de seu dinheiro. “As finanças interferem em todos os aspectos de nossa rotina, e educar-se sobre elas é uma forma de ter uma vida sustentável”.

Foto: divulgação

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