domingo, 30 de junho de 2024
Euro 5.9938 Dólar 5.5988

INVESTIMENTO NO BRASIL TEM PIOR DÉCADA EM 50 ANOS, DIZ ESTUDO

Redação - 21/05/2021 14:45

Os investimentos no Brasil, tanto públicos quanto privados, tiveram de 2011 a 2020 a pior década em 50 anos. Os aportes foram equivalentes a 17,7% do PIB (Produto Interno Bruto), o resultado mais fraco desde a década de 1961 a 1970, segundo estudo dos pesquisadores Juliana Trece e Claudio Considera, do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas). Além disso, pelos cálculos é possível observar que quase nove em cada dez países do mundo (87%) tiveram investimentos maiores do que os do Brasil no ano passado e que a pandemia não mudou a trajetória de baixa que era vista antes da crise sanitária.

“O Brasil ainda investe muito pouco, mesmo quando se compara com países similares. A pandemia traz dificuldades, mas este é um problema antigo”, diz Trece. No ano passado, a taxa de investimento do país foi de 16,4% do PIB, mas já vindo de um histórico difícil desde a recessão de antes da pandemia, entre 2015 e 2016. Quando os pesquisadores comparam apenas as economias emergentes, os demais países investiram, em média, mais que o dobro do Brasil. “Desde a década de 1980, vemos um ritmo de desindustrialização que afeta os investimentos. Um fator que colabora para isso é a taxa de investimentos oriunda da construção. Ela vem diminuindo sua participação”, diz a pesquisadora.

Os pesquisadores também concluíram que o país teve uma taxa de investimentos média de 2010 a 2014 de 20,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Com a recessão, do segundo trimestre de 2014 até 2016, os investimentos desabaram, com a taxa indo a seu menor nível, de 14,6%, em 2017. De acordo com o estudo, foram quatro anos seguidos de queda real dos investimentos.

Na comparação de 2011 com o ano passado, a fatia dos investimentos em construção (desde obras pesadas de infraestrutura até na construção de residenciais) caiu 3,4 pontos percentuais, perdendo espaço para os aportes em máquinas e equipamentos -um desempenho que atrapalha tanto no volume de investimentos quanto em uma retomada mais robusta do mercado trabalho, já que o setor é um importante empregador. Nas obras de infraestrutura, que demandam investimentos mais pesados, a queda na taxa se dá pelas dificuldades fiscais do país, no caso dos investimentos públicos. No caso da iniciativa privada, o investidor acaba optando por outros países em uma situação mais estável, lembra a economista.

“Estamos em uma situação ruim para o investimento público e com dificuldades de atração de investimento privado”, diz ela. Para a pesquisadora, as reformas estruturais que ainda não foram aprovadas seriam um caminho para retomar a confiança dos investidores e destravar investimentos, mas a pandemia obrigou o adiamento das discussões. De acordo com o estudo, os resultados mostram a importância de reverter o cenário dos investimentos de construção. “Para que o PIB possa voltar a crescer a taxas mais robustas e com isso, possibilitar a redução da taxa de desemprego, é preciso que além dos investimentos em máquinas e equipamentos, a construção mereça atenção.”

Foto: divulgação

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.