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CPI DA COVID: GOVERNO IGNOROU 10 EMAILS DA PFIZER EM 1 MÊS

Redação - 21/05/2021 07:23

Uma série de emails entregue pela Pfizer à CPI da Covid em caráter sigiloso mostra a insistência da farmacêutica para negociar vacinas com o governo e a ausência de respostas conclusivas do Ministério da Saúde à proposta apresentada pela empresa no meio do ano passado. De 14 de agosto a 12 de setembro de 2020, quando o presidente mundial do laboratório mandou carta ao Brasil, foram ao menos dez emails enviados pela farmacêutica discutindo e cobrando resposta formal do governo sobre a oferta apresentada.

Segundo os documentos da CPI obtidos pela Folha, a primeira oferta da empresa foi formalizada ao Brasil em 14 de agosto, de 30 milhões e 70 milhões de doses, e tinha validade até o dia 29 daquele mês. Após o envio do documento, a Pfizer mandou emails por três dias cobrando resposta até que uma representante da farmacêutica telefonou para uma técnica da Sctie (Secretaria de Ciência, Inovação e Insumos Estratégicos) do Ministério da Saúde.

“Desculpe, a ligação caiu e não consegui mais contato. Espero que esteja tudo bem com vc! Só queria confirmar se vcs receberam ontem uma comunicação enviada em nome do presidente da Pfizer, Carlos Murillo, com a proposta atualizada de um possível fornecimento de vacinas de Covid-19. Vc me avisa? (sic)”, escreveu Cristiane Santos, da Pfizer. “A validade das propostas continua sendo a mesma, até 29 de agosto de 2020, e gostaria de saber, com urgência, do interesse deste ministério em iniciar conversações sobre aspectos legais e jurídicos da presente proposta”, continuou Cristiane.

A oferta da Pfizer previa início de imunização em dezembro do ano passado, com 1,5 milhão de doses e mais 3 milhões no primeiro trimestre deste ano. O Ministério da Saúde brasileiro só firmou acordo com o laboratório em março de 2021, quando adquiriu 100 milhões de doses —das quais 14 milhões devem ser entregues até junho, e o restante até setembro deste ano.​

Depois, em 26 de agosto, após novo contato telefônico, outro representante da Pfizer, Alejandro Lizarraga, envia email ao assessor especial para assuntos internacionais do Ministério da Saúde, Flávio Werneck, em que reforça “a importância de termos um posicionamento quanto ao interesse na aquisição de nossa potencial vacina de modo a contribuir com os esforços de atendimento da demanda no país neste tema”.

A existência ou não de respostas do governo a Pfizer se tornou um dos temas centrais da comissão após o depoimento do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, que relatou que as propostas do laboratório ficaram dois meses sem resposta. A tese foi depois confirmada em oitiva do gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo. As informações enviadas à CPI são sigilosas por causa de um termo de confidencialidade assinado entre a empresa e o Brasil em julho do ano passado.

Foto: divulgação

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