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SUSPENSÃO DE CARNE PARA BRASIL E ARGENTINA CAUSA IMPACTOS

Redação - 20/05/2021 14:30 - Atualizado 20/05/2021

As exportações de carne bovina foram suspensas na Argentina nesta quarta-feira (19) por um mês. Com isso, grandes frigoríficos brasileiros como Marfrig e Minerva Foods serão prejudicados. A decisão foi anunciada pelo presidente da Argentina, Alberto Fernández, em reunião com representantes dos frigoríficos. A grande questão agora é entender como essa suspensão pode atingir tanto a própria Argentina, como o cenário interno de exportações brasileiro.

Para o país vizinho, as consequências dessa medida vão em linha com a taxação das grandes fortunas e pode incentivar dois pontos: o preço do produto tem chances de ser ainda mais elevado, o que mostra que de fato o produto está escasso no país, e o produtor pode ser incentivado a parar de produzir. De acordo com o economista e sócio da BP Investimentos, André Luzbel, a explicação para a pausa na atividade de quem produz é bem simples. Se há possibilidade do custo subir para que seja viável engordar o boi e fazer o abate, levando em conta que o produtor não poderá repassar o preço, ele certamente não vai correr o risco de ter prejuízo.

“A primeira coisa que o produtor faz é parar de fazer tudo o que ele normalmente faz, já que assim tem pelo menos a certeza de que não vai perder dinheiro na venda”, disse. “Isso gera aquele fluxo de menos produção e menos oferta, e com menos oferta maior preço, dado que a demanda se mantém igual.”. Luzbel ainda destaca que, na ótica econômica, proibir algo na maioria das vezes acaba se revertendo de forma negativa.

“Seguindo essa linha, o mais condizente seria fazer justamente o contrário, liberar que os preços subissem para que as pessoas, com o preço mais caro, parassem de consumir e buscassem outras alternativas”, salientou o economista. “No caso do do boi, a tendência agora é que o preço lá exploda, situação semelhante a que aconteceu no Brasil na época do congelamento de preço, em meados da década de 80 e 90.”

Visto isso, é natural que a decisão cause impacto no mercado como um todo. A medida deve deslocar parte da demanda externa para o Brasil, seu concorrente direto, entretanto deixa o caminho livre para que as cotações do boi, que já operam em patamar elevado, alcancem novas máximas no mercado brasileiro. Para Pedro Queiroz, head de renda variável da BP Money, apesar dos frigoríficos nacionais sofrerem uma perda com a suspensão, ambas empresas já não possuem uma extrema dependência da Argentina.

“A Marfrig diminui cada dia mais sua dependência do mercado argentino, tendo apenas cerca de 1% ou 2% de sua receita oriunda do país. Já a Minerva tem uma dependência maior, o que irá causar mais danos a companhia, porém, a mesma redirecionará essa importação para o Brasil, o que deve conter as perdas”, afirmou Queiroz. O head de renda variável ainda ressaltou que a probabilidade é de que a medida não vá adiante, pois historicamente não é algo que funcione.

“Essa tentativa da Argentina para tentar segurar o preço do boi gordo, que tem disparado ao redor do mundo, é uma alternativa que já foi usada antes”, disse. “Eles tentaram várias vezes e essas medidas não deram certo. Provavelmente também não dará certo dessa vez”, concluiu.

Foto: divulgação

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