Deputados baianos não chegam a um consenso sobre uma possível instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar o ‘Tratoraço’, esquema supostamente montado pelo presidente Jair Bolsonaro envolvendo dois parlamentares baianos.
Valores na casa dos R$ 3 bilhões, de acordo com reportagem do Estadão, teriam sido utilizados na compra de tratores e equipamentos agrícolas com valores superfaturados, por meio de verbas repassadas à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Os repasses teriam o objetivo de garantir a base de apoio ao governo, que é alvo de mais de 50 pedidos de impeachment que até hoje não foram colocados em votação.
Para o deputado federal Zé Neto (PT-BA), “cabe investigação mais profunda” do “toma lá da cá” que estaria sendo promovido pelo governo Bolsonaro, segundo informações do A Tarde. O petista afirmou ainda que o presidente ilude os seus eleitores ao repetir o modus operandi tão rejeitado por ele nos seus discursos de campanha e que se assemelha à tática de compra de apoio no Congresso do ex-presidente Michel Temer.
“Desde a época de Michel Temer, foi isso que deu o tom do governo Temer, o ‘toma lá da cá’. Aliás, uma das mais badaladas propostas do presidente atual foi acabar com isso, ele dizia que partido nenhum mandava nele, que os ministros seriam técnicos. Tudo isso é ‘disse me disse’ para iludir os que não perceberam ainda a dimensão da tragédia que vivemos com esse governo”, analisa.
Afonso Florence, também do PT, evitou comentar detalhes do caso, mas reconheceu a relevância da matéria do Estadão. Segundo ele, o ponto principal são as suspeitas de superfaturamento e do “uso político do orçamento para aprovar medidas impopulares”. Apesar de Bolsonaro hoje ter maioria na Casa, uma eventual CPI poderia “investigar seriamente acusações dessa envergadura”.
Cláudio Cajado (PP-BA) foi citado como um dos deputados baianos que recebeu verbas do presidente. Mário Negromonte Jr., colega do parlamentar e vice-líder do Governo no Congresso, nega que o partido participe deste jogo político. Segundo o A Tarde, ele considera que a relação dos parlamentares com o Palácio do Planalto e diferentes ministérios são cruciais para a liberação dos recursos. Este seria o caso de Cajado, que além de ser vice-líder também participa da Comissão de Orçamento na Câmara.
Se no estado a sigla se alia ao governo do estado, a nível nacional o partido, representado na figura do presidente Ciro Nogueira, é um dos maiores aliados do governo Jair Bolsonaro. De acordo com Negromonte Jr., não faria sentido negociar apoio com aqueles que já são da sua base.
Foto-Gustavo-Bezerra
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