O número de pessoas mortas pela Covid-19 em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no Brasil passa de 22 mil desde 2020. O levantamento aponta que foram pacientes que ficaram internados nessas unidades por mais tempo do que o recomendado devido a falta de leitos em hospitais. Os dados, de acordo com reportagem do Estadão, foram consultados no sistema de internações Sivep-Gripe, do Ministério da Saúde e revelam que cerca de 10% das vítimas tinham menos de 60 anos e nenhum fator de risco associado. O levantamento leva em conta pacientes que ficaram internados por dois dias ou mais nessas unidades, prática vedada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
O entendimento do CFM, conforme prevê a resolução 2.079 de 2014, é de que as UPAs não devem manter o doente por mais de 24 horas no local, mesmo que as unidades tenham estrutura para dar o primeiro atendimento e estabilizar pacientes graves. Passado esse período, a recomendação é de que, caso o paciente ainda necessite de internação, seja transferido a um hospital de referência.
A resolução também proíbe “a permanência de pacientes intubados no ventilador artificial em UPAs, sendo necessária sua imediata transferência a serviço hospitalar”. Só que desde março do ano passado, quando o Brasil começou a ser afetado pela pandemia da Covid-19, as UPAs já acumulam 22.463 mortes de pacientes com a infecção pelo coronavírus que ficaram internados por mais de 24h. Quase metade desses óbitos, 10.779, foi registrada nos quatro primeiros meses deste ano. De acordo com a reportagem, o tempo médio de internação foi de 11,6 dias. Mas há casos em que pacientes ficaram nas unidades por mais de 100 dias.
Foto Max Haack_Ag Haack