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‘INVENTOR’ DA BAHIA, DORIVAL CAYMMI FARIA 107 ANOS NESTA SEXTA (30)

Redação - 30/04/2021 09:38 - Atualizado 30/04/2021

“A Bahia está viva, ainda lá, cada dia mais bonita, o firmamento azul, esse mar tão verde e o povaréu”. A frase é da carta escrita por Dorival Caymmi em 1976 para o amigo Jorge Amado, na época em que o escritor morava na Inglaterra. O documento é um dos mais belos registros com notícias de terras baianas.

Na carta, Caymmi retrata, com seu já reconhecido talento, cheiros e cores de uma Salvador viva e efervescente. Cita as ‘lorotas’ do parceiro Carybé, as andanças pelas ruas e atualiza o amigo sobre as notíciais da primeira capital do Brasil. No dia em que o autor do registro completa 107 anos, lembramos que a Bahia de Caymmi segue como ele mesmo descreveu, apesar de percalços: viva, ainda lá (ou aqui), e cada dia mais bonita.

Dorival Caymmi é considerado por muitos artistas e pesquisadores como peça fundamental em um conceito de Bahia que se tornou popular em todo mundo: a baianidade criada por nosso Buda Nagô. Mais do que cantor e compositor, Caymmi é uma espécie de inventor da Bahia.

“É justo atribuir a ele essa autoria, de uma Bahia esparramada no país inteiro. Primeiro porque juntou todos os aspectos mais importantes, a começar pelo povo”, disse Gilberto Gil, na ocasião dos 10 anos da morte de Caymmi, em 2018.

“Caymmi sabia de tudo. João Gilberto me disse que eu olhasse sempre para ele, que ele era o gênio da raça, uma lição permanente”, disse Caetano Veloso, em agosto do ano passado, em suas redes sociais. Mais recentemente, no filme “Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos”, Caetano vai além: “É a maior figura da música popular brasileira de todos os tempos”, afirma.

Nascido em 30 de abril de 1914, na capital baiana, Caymmi teve liberdade e intimidade para criar sobre sua terra. Nasceu na Capelinha de São Caetano, mas ainda criança, se mudou com a família para o bairro da Saúde e depois para a Ladeira do Carmo, antes de seguir para o Rio de Janeiro. Quando voltou à Bahia, no final dos anos 60 por “pressão” de Jorge Amado, morou na Pedra da Sereia, no Rio Vermelho, e em Itapuã, antes de voltar ao Rio, onde viveu até 2008, quando morreu.

Ele cantou a “cidade da Bahia” da Ribeira à Itapuã, e percorreu parte do estado. Foi de Olhos D’Água até Alagoinhas e fez de Maracangalha destino popular, como ou sem Anália.

foto: divulgação

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