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ARMANDO AVENA: A TAXA DE JUROS ESTÁ CRESCENDO, ONDE DEVO APLICAR MEU DINHEIRO?

Redação - 29/04/2021 08:00 - Atualizado 29/04/2021

A taxa básica de juros (Selic) está em 2,75% ao ano e a previsão é que na próxima reunião do Copom ela chegue a 3,50%. Tudo isso por causa da inflação que ficará acima da meta de 4,5% e pode chegar a 6% em 2021. Num cenário como esse, onde investir o suado dinheirinho daqueles que tem algum dinheiro para investir?

Indicação de investimento é coisa muito séria e este economista não gosta dessa incumbência, afinal, o mercado é imprevisível.  Por exemplo, as indicações de aplicação em  fundos imobiliários, que foram os queridinhos dos aplicadores, trouxe muitos dissabores já que a maioria deles foi atropelado pela pandemia, estando hoje  com suas cotas bem abaixo do valor de antes da pandemia. Quem apostava no curto-prazo e precisou vender, perdeu dinheiro. Fundos imobiliários são ativos de longo prazo e sujeito a riscos, assim muitos desses fundos ligados a área de shoppings, varejo e outros perderam valor por causa das medidas restritivas, mas quem tem condições financeiras deve manter esses papéis, pois eles devem recuperar a cotação e crescer logo que a pandemia for controlada. Assim se evitará a realização de  prejuízos.

Outro queridinho do mercado são os IPO/ Oferta Pública Inicial de Ações que nove entre dez gerentes de banco estão oferecendo aos seus clientes. Aqui, outra vez, é preciso ter cuidado com o risco e o prazo. Um exemplo foi o IPO das redes de farmácias Pague Menos, cujas ações foram vendidas a R$8,50 e, passado mais de ano, não consegue romper a barreira dos R$ 10,00. Pior ainda foi a oferta de ações da Petrobras, na qual os pequenos investidores pagaram R$ 28,00 e hoje seu preço está em torno de R$ 24,00. Em ambos os casos, especialmente Petrobras, o preço das ações deve subir no longo prazo, mas o exemplo é para mostrar que nem todo IPO é garantia de lucro. Mas, apesar disso, houve quem ganhasse com IPO e fundos imobiliários.

No cenário atual, a novidade, com a política do Banco Central de viés de alta nos juros, é a maior competitividade dos investimentos em renda fixa, embora a elevação de 0,7% na taxa tenha mudado pouco o cenário para investimentos no curto prazo, afinal, 2,75% ainda é um juro baixo e não garante  grandes retornos nas aplicações mais conservadoras. Mas com a taxa Selic chegando a 3,5% na próxima reunião do Copom, como está precificado, o esperado é que a remuneração dos investimentos em renda fixa vá crescendo  ao longo do ano. Com a Selic em torno de 5% no final do ano como prevê o mercado,  as aplicações pós-fixadas passam a ter mais competitividade, mas é sempre necessário considerar o longo prazo. 

Pode-se dizer, por exemplo, que para quem está preocupado com a inflação e quer preservar seu poder de compra. um investimento recomendável é o título do Tesouro IPCA+, mas no longo prazo, e deve-se avaliar a expectativa de aumento nos juros, pois títulos pós-fixados e atrelados à Selic vão ficar mais vantajosos com a alta nos juros. CDBs de longo prazo, dois anos ou mais, podem viabilizar rentabilidade superior a 130% do CDI e também são um bom investimento.

Não custa lembrar também que os imóveis permanecem sendo um investimento excelente para quem dá mais valor à seguranca, mas, como o setor está num momento de verdadeiro “boom”, a hora da compra para investimento está passando, pois o preço das unidades está aumentando. Aqui é preciso lembrar que com o advento do “home office”, o investimento em imóveis comerciais do tipo sala e lojas tem de ser avaliado com muito cuidado, pois é grande o estoque dessas unidades e muitas estão sem conseguir aluguel.

Para completar, o dólar pode ser um bom investimento de risco e é provável que sua cotação venha a crescer, especialmente com o cenário de guerra política em 2022, mas o preço da moeda americana está alto, assim o investimento é de alto risco e com parâmetros fora do controle da economia. E para não dizer que não falei em flores, a Bolsa de Valores continua sendo um investimento para quem busca mais rentabilidade, mas requer conhecimento do mercado e sangue frio. É aplicação para iniciados, embora os fundos de ações possam ser uma boa alternativa.

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