Um projeto pretende desenvolver tecnologia inédita e 100% baiana para explorar minerais que até então eram inviáveis no estado. A empreitada, proposta pelos diretores da Mineradora Tabuleiro, Gabriel Keller, Sandro Santos e Janaina Marques, se sustenta na viabilidade técnica e econômica para separar minerais que fazem parte dos elementos terras-raras.
Segundo dados de 2015 da USGS (agência científica do governo dos Estados Unidos), as reservas brasileiras de terras-raras podem chegar a 3,5 bilhões de toneladas, o que leva o país ao 2º lugar no ranking mundial. As terras-raras são matéria-prima na produção de superímãs, eletrônicos, equipamentos para defesa, indústria aeroespacial, energia, dentre outros segmentos.
O mercado mundial dos óxidos de terras raras é da ordem de US$ 5 bilhões anuais. A China desponta como maior concorrente do setor com 95% da produção mundial e dona de 37% das reservas conhecidas. O país possui esse domínio porque desde 1970 adotou a pesquisa e o desenvolvimento para extração e beneficiamento de terras raras como política de estado e segurança nacional.
Apesar de se posicionar como o segundo maior detentor de reservas de terras raras no mundo, o Brasil possui uma produção considerada baixa, estimada em 22 milhões de toneladas, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA. A produção fica em torno de 2 mil toneladas por ano.
Os desafios de extração e processamento implicam na disponibilidade limitada de conhecimentos técnicos para a separação dos minerais-minério contendo terras raras. A exploração começou ainda no século 19 no litoral brasileiro entre o norte do Rio de Janeiro e o sul da Bahia.
A mineradora já obteve licença para pesquisar e explorar as terras-raras em solo baiano. Dessa forma, o principal objetivo do projeto é desenvolver o processo de separação de terras raras. O negócio também pretende estender o uso da tecnologia desenvolvida a mineradores parceiros e cooperativas.
A Mineradora Tabuleiro é uma startup com foco na pesquisa e viabilização extrativa de minerais críticos e especiais no estado da Bahia com mais de 20 mil hectares de área sob titularidade da empresa. Os minerais em destaque nas pesquisas são o grafite, terras-raras, barita, quartzo industrial e o quartzo rutilado (gema).
A empresa escolheu o Senai Cimatec baseado nas experiências bem-sucedidas em inovação e tecnologia da instituição, voltadas à indústria e mineração, algumas premiadas, para empresas como Petrobras e Nexa Mineração (ex-Votorantim).
Os diretores acreditam na empreitada e já projetam a continuidade dos estudos visando o aproveitamento de rejeitos e exploração a seco para outras substâncias a partir de jazidas exclusivas na Bahia. “O projeto tende a ser um marco na mineração brasileira ao viabilizar a exploração de substâncias antes inviáveis tecnicamente e comercialmente”, afirma Sandro Santos, diretor da Mineradora Tabuleiro.