A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) teme que o corte de R$ 1,178 bilhão no orçamento de universidades federais para 2021 tenha como consequência imediata o aumento na evasão escolar. Presidente da entidade, Edward Madureira Brasil, que é reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), em entrevista coletiva nesta quinta-feira, informou que os recursos federais destinados aos programas de assistência estudantil foram reduzidos em pouco mais de R$ 20,5 milhões.
— A situação é extremamente grave. É a assistência estudantil que permite que universitários de baixa renda estudem — diz Madureira Brasil.
O reitor informa que 25% dos estudantes universitários do país vêm de famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo e 50% de famílias com renda inferior a um salário mínimo e meio. Para esse estudante conseguir acompanhar as atividades, é necessário bolsa-alimentação, bolsa-moradia, assistências diversas.
— Os recursos que eram de R$ 1 bilhão, em 2019, já caíram em 2020 e, agora, tem o corte adicional de R$ 237 milhões, quase 20%. Ou seja, (veremos uma) consequente evasão imediata desse estudantes — afirmou Madureira, acrescentando que muitos universitários utilizam recursos para alimentar suas famílias: — Esse público é o mesmo do auxílio-emergencial. Muitas vezes a alimentação na casa se resolve com essa bolsa de assistência estudantil.
Além da assistência estudantil, a redução prevista atingirá a manutenção e funcionamento das atividades essenciais de 69 universidades federais, além de seis criadas recentemente, afetando mais de 320 campi em todos os estados do pais.
No Projeto de Lei Orçamentária enviado ao Congresso Nacional (PLOA) para 2021, a redução para a Educação é de 18,2%, equivalente a R$ 1.056 bilhões em relação aos valores de 2020. No relatório setorial de Educação da CMO, houve novos cortes, levando a uma redução de mais R$ 121.817.870, que totaliza R$ 1.178 bilhões.
— Isso inviabiliza o funcionamento das universidades. Muitas delas já carregam dívidas do ano anterior e têm orçamento congelado há cinco anos. Agora teremos R$ 1,18 bilhão a menos e num cenário onde o custo das universidades certamente crescerá em função de adequações para o retorno presencial, a necessidade de EPIs e de plataforma de ensino remoto (por conta da pandemia) que terão que ser contratadas. O orçamento que precisa crescer, diminui e levará ao colapso do sistema todo ao longo do ano — acrescentou o presidente da Andifes.
Foto: Agência Brasil