Há anos a política vem impedindo a estabilidade e o crescimento da economia brasileira. E agora, com a possibilidade cada vez maior de um confronto eleitoral entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva na disputa eleitoral de 2022, a instabilidade econômica pode dar o tom nos próximos meses. Senão, vejamos.
Em 2015, após um ano tentando equilibrar as contas públicas e colocar a economia nos eixos, o economista Joaquim Levy foi demitido pela então presidente Dilma Rousseff que, tomada pelo populismo econômico, adotou uma política econômica heterodoxa, com direito a congelamento dos preços da energia elétrica e dos combustíveis, o que levou a Petrobras a um prejuízo monumental. Em 2017, após o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, arrumar a economia brasileira e avançar no sentido de realizar as reformas necessárias, a crise política paralisou o governo Michel Temer e o Congresso Nacional, que não foi capaz de aprovar as reformas tributária e da Previdência.
Em 2021, após um avanço promissor com a aprovação da reforma da Previdência, o ministro Paulo Guedes, se viu a cada dia tolhido em sua politica, dita liberal. E não foi só a pandemia que reduziu o ímpeto reformista do antigo Posto Ipiranga, a política foi responsável por comer nacos enormes da sua política econômica, com presidente Jair Bolsonaro demitindo seus auxiliares e interferindo em todos os setores. Agora mesmo, na aprovação da PEC Emergencial, tentou manter reajustes salariais unicamente para seus aliados. Antes, Bolsonaro demitiu Samir Mattar, o artífice da privatização, pediu a cabeça do Presidente do Banco do Brasil, liberou emendas parlamentares a rodo, interviu a Petrobras e ameaça congelar artificialmente o preço dos combustíveis e da energia elétrica.
Além disso, está cada vez mais avesso ao mercado financeiro que considera antipatriota, como se investidor tivesse pátria. O populismo econômico está voltando e o retorno de Lula à disputa eleitoral de 2022 pode fazer com que Bolsonaro jogue no lixo o restinho de austeridade fiscal que o país ainda tem. As pesquisas indicam que Lula ainda detém enorme popularidade entre a população de baixa renda e nos estados nordestinos e, para fazer frente a ela e aumentar sua própria popularidade, Bolsonaro tende a ampliar o caráter intervencionista do seu governo e disparar medidas populistas para todos os lados.
As reformas que o país necessita e o ajuste fiscal correm o risco de ir para as calendas gregas. Avizinha-se, portanto, uma tempestade quase perfeita com a pandemia se agravando, a campanha eleitoral se antecipando e os atores políticos cada vez mais interessados em simplesmente agradar aos eleitores.
A POSICÃO DOS EMPRESÁRIOS
Os líderes empresariais baianos estão propondo uma retomada das atividades econômicas de forma escalonada, de acordo com um plano proposto pela Prefeitura de Salvador. Segundo esse plano, o setor industrial iniciaria as atividades às 6 horas encerrando às 4 da tarde. O comércio de rua daria início às 8 da manhã e os shoppings centers às 10 horas e encerariam as atividades em horários diferentes. O mesmo se daria com construção civil e outros setores. A ideia é evitar a aglomeração no transporte público, onde se dá o contágio já que as lojas estão com protocolos rígidos. A expectativa é de retomada nesses termos na próxima segunda-feira, mas tudo depende da taxa de ocupação das UTIs.
A RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL
O presidente da Fecomércio-Ba, Carlos Andrade, vem reiterando que as prioridades do setor produtivo são: a vida, o emprego e as empresas. E os líderes empresariais baianos têm mostrado responsabilidade e capacidade de diálogo com o governo do Estado e Prefeitura. Com eles, instituições como a ACB, a CDL e a FCDL fazem seguidas reuniões discutindo o retorno das atividades. Andrade afirma que o pleito dos empresários, além da imediata retomada escalonada, é a postergação do pagamento de impostos estaduais e municipais e o parcelamento dos tributos vencidos. E, nesse momento crítico, pleiteia-se junto ao governo federal uma linha de crédito com juros subsidiados para pagara folha de pagamento.