A pandemia pode levar o ensino fundamental brasileiro ao patamar de aprendizagem menor do que o atingido em 2015. Essa é a conclusão do estudo “Perda de aprendizado no Brasil durante a pandemia de Covid-19 e o avanço da desigualdade educacional”, encomendado pela Fundação Lemann e liderado por André Portela, economista e professor de Políticas Públicas da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP).
Portela explica que as estimativas elaboradas podem ter aumentado, visto que a análise foi até outubro e não levou em conta a evasão. — Isso tudo pesa para ampliar a perda de aprendizagem na média do brasileiro — explica Portela. Em 2015, os alunos brasileiros atingiram 252 pontos no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) no final do ensino fundamental. Quatro anos depois, na última avaliação realizada, a média subiu para 260. Em Matemática, o salto foi de 256 para 263.
Segundo a pesquisa, a perda no aprendizado em alunos do final do ensino fundamental poderá ser de até 9,5 pontos na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) em Língua Portuguesa e 7,9 em Matemática. Assim, no pior cenário projetado pelo estudo, as médias de aprendizado do Brasil cairiam para 250 em Português e 255 em Matemática. — As redes de ensino precisam fazer seus diagnósticos e o governo federal pode ajudar com programas nacionais, como compra de materiais e treinamento de professores — sugere Portela.
A perda de aprendizagem pesou diferente entre os estados. A pesquisa fez uma projeção do cenário intermediário e descobriu que, no Paraná, a perda de aprendizagem em relação a um ano típico foi de 27%, enquanto no Pará atinge 50% no ensino fundamental.
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