A tensão entre os governadores dos estados brasileiros e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aumentou na última semana, após relatório divulgado pelo Palácio do Planalto ser rechaçado pelos gestores estaduais por distorcer as informações sobre os repasses do governo durante a pandemia. Secretário de Comunicação de um dos governadores mais atacados por Bolsonaro, o petista Rui Costa, André Curvello afirma que o fato é só mais um dos vários ataques da mesma natureza ao qual os gestores têm sido submetidos.
Em entrevista para o programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM (103.9), o titular da pasta exemplificou as medidas e condutas que os profissionais da comunicação precisam ter para lidar com ataques diretos e com as fake news.
“Tive uma reunião com todos os secretários de Comunicação do Nordeste e pedi pra que enviassem para catalogarmos quais eram as fake news mais recentes promovidas pelo chamado Escritório do Ódio. E aí você percebe que é o mesmo formato. São as mesmas artes, as mesmas informações, com a troca apenas da foto dos governadores. Essa questão do repasse é mais recente, mas isso é uma coisa que eu posso dizer que acontece semanalmente. Isso em uma pandemia, uma tragédia que estamos vivendo, exige ainda mais esforço para se reagir e estabelecer a verdade. Acredito que redes sociais deveriam ser um instrumento para aproximar as pessoas e democratizar a informação, mas nem todo mundo tem responsabilidade. É uma guerra muito dura. O principal adversário que nós temos na área da comunicação hoje”, avaliou.
Criticado por sua conduta durante a pandemia, o presidente Bolsonaro tem sido um crítico feroz de medidas tomadas por gestões estaduais como o decreto de medidas restritivas e tem inclusive desestimulado cuidados básicos como o uso de máscaras e o isolamento social. Questionado se esse tipo de atitude ajuda a polarizar ainda mais a sociedade em um momento onde uma consciência coletiva é imprescindível, Curvello afirmou que sim e lamentou que um governo que deveria liderar os esforços em nível nacional, esteja preocupado em antagonizar outras forças políticas.
“O impacto já está sendo sentido. Temos um percentual muito alto de pessoas que não acreditam na vacina, que discordam de campanha que nós fazemos quase que implorando para que as pessoas usem máscaras e não aglomerem e a gente enfrenta o governo federal fazendo justamente o contrário. É como se fosse um BaVi. Uma sociedade completamente dividida, que não consegue ter o nível de consciência em torno de um discurso único. O ideal seria que desde o início deveríamos ter essa pandemia combatida de forma coordenada e liderada pelo governo federal. O que temos é uma luta de governadores e prefeitos tentando amenizar o drama da sociedade enquanto o outro lado promove justamente o contrário”, afirmou.
Foto: divulgação