sábado, 11 de maio de 2024
Euro 5.5609 Dólar 5.1608

BRASIL TEM 2 MILHÕES DE NOVOS POBRES SÓ EM JANEIRO

Redação - 06/02/2021 08:20

O fim do Auxílio Emergencial já levou 2 milhões de brasileiros para a pobreza apenas em janeiro. Ao todo, 13% da população do país, ou 26 milhões de pessoas, estão sobrevivendo com uma renda per capita de apenas R$ 250 por mês. O impacto do fim do benefício foi calculado pelo coordenador da Cátedra Ruth Cardoso no Insper, Naercio Menezes Filho, a pedido do G1.

Segundo o pesquisador, a quantidade de pobres hoje no Brasil já é maior do que a observada antes do início da pandemia de coronavírus. Em 2019, 12% da população era pobre, ou seja, cerca de 24 milhões de pessoas. “Com o Auxílio Emergencial, o país conseguiu reduzir a pobreza, a extrema pobreza e a desigualdade de renda”, afirma Naercio. “A pobreza só não cresceu mais agora porque uma parte das pessoas que estava em casa e recebeu o auxílio conseguiu arrumar emprego.”

Durante o pagamento do benefício, a taxa de pobreza chegou a recuar para 8% da população, e a da extrema pobreza – brasileiros com renda per capita abaixo de R$ 150 ao mês – caiu de 3% para 1%. Foram os menores patamares já registrados pelo Brasil desde a década de 1970, quando as pesquisas domiciliares começaram a ser realizadas. Essa melhora também se refletiu no índice de Gini, que monitora a desigualdade de renda em uma escala de 0 a 1 – quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade. O índice recuou de 0,53 para 0,47, caindo abaixo de 0,50 pela primeira vez na história brasileira.

A deterioração social que o país enfrenta hoje já era esperada. Todos os indicadores começaram a piorar já com a redução do benefício de R$ 600 para R$ 300. “Com a diminuição do valor, a pobreza começou a aumentar. Em dezembro, ela já estava alcançando o mesmo nível de antes da pandemia”, afirma Naercio. Ao todo, o Auxílio Emergencial chegou a quase 68 milhões de brasileiros.

Desempregada há um ano, Jenifer Carvalho dos Santos, de 27 anos, recebeu as nove parcelas do Auxílio Emergencial. As quatro primeiras foram de R$ 1,2 mil, e as últimas, de R$ 600. Em janeiro, com o benefício encerrado, Jenifer voltou a receber o valor do Bolsa Família. Com um filho de quase dois anos, tem direito a um benefício mensal de R$ 156. “Com o auxílio, eu conseguia ajudar o meu esposo com as despesas da casa. Agora, ficou mais na responsabilidade dele”, afirma. “Eu já tive de cortar internet e alimento. Comprava um leite um pouco mais caro para o meu filho – uma espécie de fórmula -, mas voltei a dar leite normal.”

Hoje, sem o auxílio, a família de Jenifer tem uma renda de aproximadamente R$ 1,1 mil, que chega pelo marido. Ele trabalha como entregador e tem uma pequena loja virtual. Do dinheiro que entra todo mês, a maior parte vai para pagar o aluguel de R$ 400 de uma casa em Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo. “O auxílio pagava meu aluguel tranquilo e ainda tinha uma sobra para comprar as coisas para o meu filho. O fim do benefício atrapalhou bastante.”

Foto: divulgação

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.