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ELEIÇÃO NA CÂMARA: ROSSI VS LIRA DECIDEM HOJE QUEM SERÁ O NOVO PRESIDENTE

Redação - 01/02/2021 07:00 - Atualizado 01/02/2021

A Câmara dos Deputados realiza nesta segunda-feira (1º), a partir das 19h, a eleição da Mesa que vai conduzir as atividades da Casa no biênio 2021-2022. A eleição será totalmente presencial, com urnas dispostas no Plenário e nos salões Verde e Nobre, espaços que ficarão restritos aos parlamentares, de forma a evitar aglomerações e manter o distanciamento. Conforme ofício enviado nesta quinta-feira (28) aos deputados pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o prazo-limite para a formação de blocos parlamentares termina na segunda-feira, ao meio-dia. Os cargos da Mesa são distribuídos aos partidos na proporção do número de integrantes dos blocos partidários.

Às 14h, terá início da reunião de líderes, para a escolha dos cargos da Mesa pelos partidos, conforme o critério de proporcionalidade. Às 17h, termina o prazo para registro das candidaturas. Terminado esse prazo, haverá o sorteio da ordem dos candidatos na urna eletrônica. Até agora, nove candidatos lançaram candidatura, sendo dois de blocos partidários, dois de partidos políticos e o restante avulso. A Mesa é composta pelo presidente, dois vice-presidentes, quatro secretários e seus suplentes. Os votos para os cargos da Mesa só são apurados depois que for escolhido o presidente.

Conforme o Regimento Interno da Casa, a eleição dos membros da Mesa ocorre em votação secreta e pelo sistema eletrônico, exigindo-se maioria absoluta de votos no primeiro turno e maioria simples no segundo turno. Estão na disputa os deputados Arthur Lira (PP-AL), Baleia Rossi (MDB-SP), Luiza Erundina (Psol-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Alexandre Frota (PSDB-SP), André Janones (Avante-MG), Capitão Augusto (PL-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG) e General Peternelli (PSL-SP).

DEM DE ACM NETO: O embate interno do DEM relacionado à eleição da presidência da Câmara dos Deputados no próximo dia 1º de fevereiro tem causado mal-estar no partido. Atual presidente da Casa, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) chegou a manifestar sua insatisfação com o presidente da sigla, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, por não ter coibido as manifestações públicas de apoio ao candidato Arthur Lira (PP-AL) por parte de integrantes do DEM da Bahia.

De acordo com informações do site Poder 360, Neto resolveu correr atrás do prejuízo e em uma reunião com caciques do DEM, prometeu que três dos cinco deputados baianos que endossaram a candidatura de Lira irão votar no candidato do partido, o emedebista Baleia Rossi (SP). Além de Neto e Maia, estiveram presentes na reunião o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia e o líder da bancada da sigla na Câmara, Efraim Filho. Os deputados que deverão acatar as orientações do presidente do partido são Paulo Azi, Igor Kannário e Leur Lomanto Júnior. Elmar Nascimento e Arthur Maia, por terem divergências pessoais com Rodrigo Maia, não devem migrar para a base de votos de Baleia.

Bolsonaro : Na reta final da disputa pelo comando da Câmara, ministros do governo Jair Bolsonaro estão tentando interferir no DEM para levar votos de indecisos e de apoiadores de Baleia Rossi (MDB-SP) para o candidato do Palácio do Planalto, Arthur Lira (PP-AL). Estão nesta missão o articulador político do governo, ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), e Onyx Lorenzoni (Cidadania), que foi exonerado nesta sexta-feira (29), junto com a ministra Tereza Cristina (Agricultura), para participar da eleição da próxima segunda-feira (1º). Os dois exonerados são deputados do DEM.

“Estou, sim, conversando com meus colegas para que a gente mude esta condição que o DEM tem hoje. Acho que o DEM deve, sim, se alinhar ao presidente Bolsonaro. Trabalho isso desde 2017”, disse Onyx à reportagem. “Eu tenho uma posição clara, que é a favor do Arthur. Eu acho que é um absurdo o DEM estar no mesmo grupo onde está o PT e os partidos de esquerda. Acho que isso é inaceitável”, afirmou o ministro da Cidadania licenciado.

Um aliado de Baleia no DEM compartilhou com a reportagem um áudio atribuído a Onyx em que uma voz masculina pede que se assine a lista de adesão ao bloco de Lira para que o partido fique com a primeira secretaria da Câmara, responsável pela ratificação das despesas da Casa. “O Elmar [Nascimento, deputado do DEM-BA] abriu, combinado com todos nós esta página aí no Infoleg para que todos nós possamos assinar para levar a nossa bancada e garantir a primeira secretaria no bloco do Arthur”, diz a voz.

Onyx negou que seja ele no áudio. “Eu não gravei áudio nenhum, não mandei áudio nenhum para deputado nenhum. Isso que tu tem aí não é minha voz, eu não fiz isso”, afirmou. A reportagem procurou Elmar Nascimento por telefone e por mensagem, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) disse ter sido procurado pelo ministro Ramos por volta das 11h desta quinta-feira (28), por telefone. “O general Ramos me ligou ontem [quinta-feira] sobre a lista, se poderia assinar a lista para aderir ao bloco do Lira”, disse o deputado.

Sóstenes afirmou que considera natural o telefonema do ministro, já que ele é o responsável pela articulação política do governo e estava acompanhado de outros parlamentares do DEM. O DEM hoje está rachado e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tenta ao menos manter formalmente a sigla no bloco do presidente do MDB. Cálculos da cúpula do DEM indicam que, dos atuais 31 deputados da legenda, 14 estão com Baleia, 13 com Lira e há outros 4 indecisos.

Na última terça-feira (26), Maia telefonou para Ramos para reclamar da interferência do Palácio do Planalto em seu partido. Segundo relatos feitos ao jornal Folha de S.Paulo por parlamentares governistas, em uma conversa exaltada Maia disse a Ramos que estava incomodado com o movimento do governo federal para gerar defecções no DEM. Maia ressaltou ainda que não aceitava interferência em uma disputa legislativa e salientou que as investidas do governo Bolsonaro sobre deputados federais precisavam ter um fim.

Como resposta, de acordo com um assessor do governo, Ramos negou que o Planalto tenha interferido no DEM. Ele disse ao deputado que o Executivo tem mantido distância da disputa, já que Lira tem coordenado sua própria campanha. Na quarta-feira (27), Bolsonaro admitiu interferência na eleição e disse que “se Deus quiser” ele vai influir na presidência da Câmara. Para tentar eleger o líder do centrão o Planalto tem, desde o final do ano passado, acenado com cargos e emendas e ameaçado retirar de funções na máquina federal indicados políticos de deputados federais de siglas como MDB e DEM.

“Viemos fazer uma reunião aí com 30 parlamentares do PSL e vamos, se Deus quiser, participar, influir na presidência da Câmara, com estes parlamentares, de modo que possamos ter um relacionamento pacífico e produtivo para o nosso Brasil”, disse Bolsonaro na quarta-feira. A declaração foi feita quando o presidente participava de live promovida pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), na entrada do Palácio da Alvorada. Ela foi realizada após café da manhã de Bolsonaro com parte da bancada federal do PSL, partido pelo qual ele se elegeu presidente em 2018.

O Portal Bahia Econômica também conversou com o deputado federal Afonso Florence sobre as eleições. (Veja aqui)

Foto: divulgação

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