O alinhamento do presidente Jair Bolsonaro com Donald Trump não prejudicou as relações entre Brasil e Irã. Foi o que afirmou à CNN o embaixador iraniano em Brasília, Hossein Gharib. Segundo ele, o comércio bilateral ultrapassou US$ 4,2 bilhões em 2019, antes da crise do ano passado. O valor inclui também o comércio indireto, em triangulações com terceiros países. Há uma complementaridade, segundo ele, com o Irã exportando petroquímicos e derivados de petróleo e o Brasil, alimentos. “Não existem dois países do mundo que tenham 100% de concordância”, avalia o embaixador. “Eu mesmo e o Irã olhamos as relações bilaterais pela janela do interesse mútuo. Não olhamos para as relações do Brasil com terceiros países. Podemos ter algumas áreas de discordância, mas há enormes áreas de concordância entre nós.”
Combate à pandemia
Gharib contou que vem a São Paulo a cada um ou dois meses conversar com empresários. “Quanto mais falo com parceiros brasileiros, empresários, políticos, congressistas, mais acredito que boas coisas acontecerão”, disse ele, em visita à sede da CNN Brasil em São Paulo. “Precisamos diversificar”, afirmou o embaixador. “O Brasil na últimas décadas progrediu muito em termos de farmacêuticos e outras indústrias, e podemos fazer muito comércio em outras áreas. Estou explorando com delegações novas áreas de cooperação.”. Ele salienta que uma dessas áreas pode ser a resposta à pandemia, que atingiu fortemente os dois países. O Irã está tentando desenvolver uma vacina própria, em parceria com Cuba, que tem tradição nessa área. E negociando também a compra de vacinas da China, Rússia e Índia.
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