Todo ano, os pais ou responsáveis por crianças em idade escolar enfrentam o desafio de driblar a alta nos preços do material escolar. Em 2021, a previsão é que os itens devem ficar acima da inflação oficial, chegando a um aumento de cerca de 18% agora em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, conforme estima um levantamento realizado pelo educador financeiro e consultor do Correio, Edísio Freire.
Feito com base em dados da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e do Banco Central, o levantamento traz uma estimativa geral do aumento médio do preço dos materiais escolares em todo o Brasil. Freire ressalta que há uma variação desse percentual para produtos distintos sendo possível admitir aumentos entre 12% e 18% nos principais itens.
O aumento está bem acima da inflação, mesmo dentro da faixa de variação entre os diversos materiais escolares. Em novembro, o acumulado de 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, atingiu 4,31%. O acréscimo no valor dos materiais escolares para janeiro de 2021 só é menor que a estimativa para o mesmo mês de 2016 (30%). Segundo o estudo realizado por Freire, a variação foi de 8% no primeiro mês de 2020.
No próximo ano letivo, além dos livros, cadernos e canetas tradicionais, os pais ainda precisam estar atentos a outros itens que passaram a fazer parte da rotina escolar, que são os eletroeletrônicos usados como plataforma de ensino e aprendizagem durante a pandemia. O educador financeiro explica que, a despeito das escolas terem atuado de modo remoto ao longo do ano, demandando pouco ou nenhum material, fato que poderia sugerir uma estabilidade ou até mesmo queda nos preços, parte desses itens tem o custo afetado pelo dólar.
“O material escolar não é computado nos índices que calculam a inflação, a exemplo da cesta básica, transporte, moradia e combustível, por isso mesmo, terminam apresentando um valor muito superior ao índice oficial de inflação”, esclarece. De acordo com ele, é comum que estes produtos registrem um aumento acima da inflação.
Para chegar a estimativa de aumento dos produtos no primeiro mês de 2021, Freire analisou o impacto da cotação do dólar e do IPCA. O período de compras também reflete no preço. “Utilizamos a série histórica do câmbio para realizar a estimativa de aumento nos preços para 2021, com base no cálculo de tendência estatística”, afirma o educador financeiro. O aumento estimado chamou a atenção do especialista, que aponta que o acréscimo é muito influenciado pela moeda dos Estados Unidos.
“A inflação contribui para o aumento do custo operacional o que reflete para o dono da loja e, assim, para o consumidor. Também levo em conta o período de compra. Entre o final e o começo do ano, os pais adquirem o material escolar e os preços acabam sofrendo impacto”, explica Freire.
Ainda de acordo com ele, cerca de 30% dos produtos escolares têm seus preços indexados ao dólar, como o papel sulfite, por exemplo. Estes sofrem impacto direto da alta da moeda. Os itens que devem registrar um aumento menor do valor são aqueles com muitos substitutos ou os influenciados apenas pela inflação e a oferta e demanda, explica Freire.
O especialista ressalta que a tendência de variação nos preços do material escolar é um pouco complexa pela falta de um indicador padrão, por região ou por cidade, para que possamos montar uma série estatística consistente. “As informações são pulverizadas, a cada ano aparecem números gerais e de cidades específicas, nem o próprio Dieese nem o Procon possuem relatórios com certa padronização, pelo menos eu não encontrei, o tempo de pesquisa foi curto”, pontua Freire.
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