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ESCOLAS PARTICULARES DA BAHIA BUSCAM ALTERNATIVAS PARA CONSEGUIR MANTER ALUNOS EM 2021

Redação - 21/12/2020 07:13 - Atualizado 21/12/2020

Por: João Paulo Almeida 

A situação da educação particular na Bahia é muito delicada. Instituições em toda Bahia buscam alternativas para poder não ter uma evasão grande o bastante que ocasione um fechamento da instituição. Para isso as escolas estão dando descontos em mensalidades e buscando novas alternativas. Em entrevista ao portal Bahia Econômica, Wilson Abdon, porta-voz do grupo pela Valorização da Educação (GVE), entidade que reúne cerca de 60 escolas particulares de Salvador e Lauro de Freitas, explicou que as escolas podem ter uma evasão alta e risco de demissões para cortar custos. Veja aqui a entrevista completa 

Wilson, em entrevista ao Jornal Correio da Bahia explicou que em algumas escolas, esse número chegou a 50%, em relação a 2019. A fim de atrair os alunos de volta, os colégios privados da capital e Região Metropolitana de Salvador (RMS) oferecem descontos de até 40% para os estudantes. Já outras oferecem um reajuste menor do que o previsto, facilitam a forma  de pagamento e asseguram a manutenção do programa de bolsas de estudo.

Nossa preocupação maior com a matrícula é porque tem um número grande de pais que querem voltar para as aulas presenciais e só querem matricular se for presencial, porque o trabalho remoto não é efetivo na casa deles”, diz Abdon, que também é diretor do Colégio Perfil e Escola Mais Perfil. Pelo artigo 208 da Constituição, as crianças só são obrigadas a estarem na escola a partir dos quatro anos de idade. Por isso, e pelos pais não acreditarem que o ensino remoto funciona para garotos tão pequenos, muitos deixaram de lado a matrícula para 2021.

Como forma de entender que a situação financeira não está boa para ninguém, o grupo Perfil dará descontos de 15% na mensalidade do próximo ano, a partir de fevereiro. A promoção é válida somente para os alunos adimplentes, ou seja, que mantiveram os pagamentos em dia. Quem ainda está devendo à escola, pode usar o benefício se regularizar a situação até o dia 8 de janeiro. “Sabemos que têm famílias que não tiveram perda financeira, como famílias que fecharam suas empresas, perderam empregos e temos que ajudar de alguma forma, entendendo a realidade da minha comunidade escolar”, explica o porta-voz do GVE.

No caso da Escola Criação Master, em Camaçari, na RMS, os descontos chegam a 40% para as matrículas na educação infantil, fundamental I e II. Já no colégio Montessoriano, no bairro da Boca do Rio, é  possível aproveitar o desconto de 20% a partir de fevereiro de 2021, desde que a família se enquadre no quadro de convênios (disponíveis neste site). Para quem matrícula o segundo filho em diante, também ganha o abatimento. Além disso, o Montessoriano sorteou, na última sexta-feira (18), sete bolsas de estudo integrais. Outros benefícios contemplaram somente alunos que já eram da casa, até o dia 4 de dezembro.

A modalidade de bolsas de estudo foi mantida no Colégio Arte, no bairro de Bonfim, no Colégio Intelectos, na Liberdade, e no colégio Sartre COC. Todo ano, o Colégio Arte faz um concurso de 15 bolsas e cede descontos de 15% a 100%. O benefício varia de acordo com a nota do estudante obtida na avaliação e vale para o 6º ano do Ensino Fundamental II até o 2º ano do Ensino Médio. A escola também não fez o reajuste e manteve o valor da mensalidade de 2020. “Não vamos fazer esse ano porque ficou muito complicado, mas a gente manteve a mensalidade e a gente está seguindo o desconto referente à pandemia, tendendo manter para 2021, mas vamos analisar caso a caso”, conta a vice-diretora do Colégio Arte, a psicóloga e pedagoga Roberta Mendonça. Segundo ela, houve uma perda de 50 dos 500 alunos que estudavam na escola, que existe há 28 anos.

No Colégio Intelectos também são 15 bolsas de estudo ofertadas, mas elas são distribuídas em todas as turmas. Elas dão benefício de 50% para alunos do grupo 5 da educação infantil até o 9º do Ensino Fundamental II. O critério é pela condição financeira da família, que precisa ter renda de até dois salários mínimos. Com capacidade para 300 alunos, o Intelectos teve 146 matriculados este ano, com uma evasão de 20%. “O aluno não pode exceder o número de faltas, perder o ano e tem que manter uma assiduidade, senão perde a bolsa”, diz a diretora do Colégio Intelectos, Renata Guimarães.

No caso do Sartre, os descontos variam de até 50% ou bolsa integral, duram toda a vida escolar e incidem a partir da segunda mensalidade. O Grupo SEB ainda informou que existem diversos “convênios e parcerias firmadas com diversas empresa privadas, órgãos públicos, sindicatos e associações que concedem benefícios aos seus funcionários e associados”.. Em Cajazeiras, no Educandário Augusto Freitas, a diretoria assumiu o reajuste de 3,5% que seria repassado em 2021 para os pais. Além disso, para quem se matricular até 30 de dezembro, consegue pagar o mesmo valor da mensalidade de 2020, a partir da segunda parcela, em fevereiro. Os valores são: R$ 200 e R$ 215 para educação infantil, R$ 225 e R$ 235 para o Ensino Fundamental I e R$ 250 e R$ 265 para o Ensino Fundamental II. O objetivo é, além de atrair os pais a matricularem os filhos, fazer com que eles regularizarem as dívidas com a escola.

Segundo o diretor Mário Sérgio, a inadimplência de dezembro está em 85% e a de outubro, em 60%. “Estamos na luta e a inadimplência está catastrófica. Tenho pai que pagou a primeira mensalidade do ano em dezembro. Nossa grande sorte é que a gente não tem prédio alugado e que nem eu, nem minha irmã, nem minha mãe dependemos financeiramente da escola, porque trabalhamos em outro local. Porque se a gente dependesse, a gente tinha fechado no meio do ano”, diz. A esperança é que as matrículas cheguem, principalmente na educação infantil. Até agora, só 14 dos 60 alunos previstos para as séries iniciais estão matriculados. No total, a escola, que tinha em torno de 220 estudantes, tem agora 116.

Na Escola Lápis de Cor, na Pituba, a matrícula dos alunos para 2021  é que vai permitir que o décimo terceiro salário e férias de 2020 sejam pagos aos funcionários. “A gente sofreu esse ano com o segmento da educação infantil, não tem sido fácil, e a gente depende que as matrículas aconteçam, que não seja uma desvantagem para as famílias, e para viabilizar o pagamento de férias e décimo terceiro”, diz a advogada Aline Pinto, gestora da Lápis de Cor. Sem saber o formato, as aulas voltam dia 8 de fevereiro. Segundo Aline, a evasão dos alunos foi de 30% e ela corre o risco de não ter turma do grupo 2 e 3 para o próximo ano.

Foto: divulgação

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