A indústria da Bahia deve crescer em 2021. Essa é a análise feita e divulgada pela a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) hoje, com objetivo de mostrar que a tendência de recuperação dos últimos meses deve se manter no próximo ano. Os principais setores que devem se destacar são a construção de automóveis, com alta superior a 20% e a construção civil. No sobe e desce dos índices em 2020, o estudo destaca algumas surpresas, a exemplo da reação da indústria da construção, que começou o ano com perspectiva de retração (-6,1%) e registrou até outubro de 2020 saldo positivo (2,2%). A indústria da construção foi impulsionada por investimentos em infraestrutura urbana, principalmente na Região Metropolitana de Salvador, e pela adoção de uma política de juros baixos para o setor habitacional. Para 2021, deve haver uma ampliação do ritmo de crescimento, sobretudo a partir do início das obras da FIOL e do Porto Sul, além de eventuais concessões rodoviárias.
Além da construção, a indústria da Bahia deverá ser impulsionada em 2021 principalmente pelos setores automotivo e de refino, que tendem a manter o ritmo de crescimento ou a superar as perdas de 2020. Para a indústria automotiva, as empresas do setor já trabalham com uma projeção de crescimento de 20% a 25% no ano que vem, desde que não haja novos lockdowns. Também os setores de plástico e borracha devem retomar a atividade com a previsão de reaquecimento do mercado interno. A indústria da borracha – especialmente os fabricantes de pneus – deve colher os resultados da recuperação das vendas da indústria automotiva na Bahia. A Bahia conta com um moderno parque de fabricação de pneus, o que também favorece a retomada da produção em condições competitivas.
CELULOSE E PAPEL
O setor de papel e celulose registrou crescimento de 7,4% no acumulado do ano até outubro, ficando atrás apenas do setor de refino, que cresceu 18,1% no mesmo período. Apesar do desempenho positivo, a indústria baiana de celulose enfrentou limitações diante dos preços internacionais do produto, que se recuperaram mais recentemente. Para 2021, não há expectativa de um crescimento expressivo na indústria de celulose, considerando que o setor, trabalhando próximo ao limite da sua capacidade, encontra entraves para expansão da sua produção. Com isso, a esperada ampliação da Veracel, instalada na região sul do estado, deve aguardar condições mais favoráveis.
REFINO E PETRÓLEO
Na área de petróleo – setor que teve o melhor desempenho este ano –, é feita uma projeção positiva de crescimento para 2021 (18,9%). O desempenho da RLAM foi motivado pela elevação da demanda internacional por bunker, óleo combustível utilizado na navegação, que deve continuar firme. A refinaria é uma das poucas plantas nacionais com capacidade de produção deste insumo, muito procurado em razão do baixo teor de enxofre do combustível produzido na Bahia. A perspectiva de conclusão do processo de venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) traz perspectivas favoráveis mais para frente. “A venda da refinaria deve trazer, sobretudo a partir de 2022, investimentos em modernização para esta que é a mais importante planta industrial da Bahia, em termos de geração de PIB e arrecadação de impostos. No setor de petróleo, esperamos ainda maior presteza no processo de venda dos campos maduros da Petrobras na Bahia”, ressalta o superintendente da FIEB.
PETROQUÍMICA
A principal expectativa do segmento industrial químico e petroquímico concentra-se na entrada em operação da planta da Fafen, prevista para abril de 2021, agora sob o comando da Proquigel. O impasse reside nas indefinições em relação ao suprimento de gás natural a preços competitivos, que ainda está cercado de indefinições. “Caso esses problemas sejam superados, a operação deve provocar efeito positivo na cadeia petroquímica devido ao alto grau de integração do Polo de Camaçari, bem como nas empresas produtoras de fertilizantes”, diz Menezes. A produção de gás natural é um tema sensível. Em 2020, o Segmento de Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP) foi o único da indústria com piora das expectativas, devido, principalmente, à queda acentuada da produção de gás natural no estado. Até outubro, a queda registrada na produção foi de 21,9%. Além da perspectiva em relação à Fafen, a Braskem também sinaliza recuperação face à melhora do ambiente de negócios com o equacionamento do problema da extração de sal-gema em Alagoas.
ALIMENTOS E METALURGIA
Os setores da indústria ligados à produção de alimentos e bebidas sofreram reduzido impacto na produção, com alta de 0,7% para o setor de Bebidas e ligeira queda de 0,2% no de alimentos, no acumulado do ano até outubro. Isso se deve em parte à demanda oriunda da política social com o pagamento do auxílio emergencial. A metalurgia baiana, por sua vez, foi o setor que registrou o segundo maior resultado negativo no acumulado do ano até outubro, com redução de 35,7% da produção, atrás da indústria de veículos (-45,1%), e seguido pela indústria de couro e calçados, que recuou 26,3% no mesmo período.
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