Cerca de 30% das pessoas que tinham os menores rendimentos no país, entre 2017 e 2018, viviam com menos do que consideravam necessário para chegar ao fim do mês. A constatação é da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) – Perfil das Despesas no Brasil, divulgada hoje (25), pelo IBGE, que mostra que a renda média mensal disponível dessa parcela da população era menor que a renda mínima declarada como necessária.
Na primeira faixa de renda, uma pessoa recebia, em média, R$ 244,60 mensais, mas precisava de quase o dobro (R$ 470,29) para suprir o que consideram suas necessidades. Essa diferença continua até a terceira faixa de rendimento e só muda na quarta faixa, quando a renda per capita passa a ser maior (R$ 808,40) do que a renda mínima (R$ 789,59).
Essa proporção se inverte conforme a renda aumenta. Na última faixa, em que a renda disponível era de R$ 6.294,83, as pessoas consideravam R$ 4.001,09 o mínimo necessário para viver. Ou seja, os 10% com os maiores rendimentos declararam precisar receber 8,5 vezes a renda mínima dos 10% com os menores rendimentos (R$ 470,30) para chegar ao fim do mês.
Entre 2017 e 2018, a renda disponível era de R$ 1.650,78, em média, e a renda mínima, R$ 1.331,57. Do total da renda disponível, 86,9% foram obtidos de forma monetária, 23% não monetária menos 9,9% de impostos diretos, contribuições e outras deduções.
“A parcela monetária da renda corresponde a valores que vêm do trabalho ou de transferências, como aposentadorias, pensões e programas sociais. Já a renda não monetária se refere a valores de bens e serviços que as famílias não precisam pagar, o que inclui os providos pelo governo, instituições e outras famílias, como um remédio retirado em um posto de saúde, um presente recebido de alguém ou uma hortaliça retirada da própria horta, por exemplo”, explica Oliveira.
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