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JORNAL A TARDE – ARMANDO AVENA: A PETROBRAS ESTÁ DEIXANDO A BAHIA

Redação - 05/11/2020 07:04 - Atualizado 04/02/2021

Armando Avena

Quando se fala em economia na Bahia, tem de se falar na Petrobras. As atividades da estatal são tão importantes que ainda respondem por cerca de 15% da produção industrial, 16% das exportações e 20% da arrecadação de ICMS no Estado. Mas agora é definitivo: a Petrobrás está saindo da Bahia. Está previsto para dezembro a assinatura da venda da RLAM – Refinaria Landulpho Alves para a o fundo árabe Mubadala que controla também a petroquímica espanhola Cepsa que vai operar a refinaria.

E a estatal deu início também a venda do Polo Bahia Terra, um conjunto de 28 campos de produção terrestre, com 1.700 poços em operação. A etapa de divulgação da oportunidade (teaser) já foi divulgada e a empresa vai colocar à venda a totalidade de suas participações em poços localizados na Bacia do Recôncavo e Tucano, em diferentes municípios do estado da Bahia, incluindo aí acesso à infraestrutura de processamento, logística e armazenamento.

Segundo o Diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras, Roberto Furian Ardenghi, a venda de ativos está relacionada com o plano de desinvestimento da empresa – indispensável para reduzir o alto nível de endividamento – e com a estratégia de focar sua ação no seu core business, a exploração de petróleo em águas profundas e ultra profundas na qual tem a melhor tecnologia do mundo. Furian afirma, no entanto, que a Bahia vai se beneficiar do processo e lembra que a venda dos campos maduros vai permitir que médias empresas entrem no negócio petrolífero e elas precisarão investir aumentando a produção e gerando emprego e renda em várias etapas do processo, pois será uma venda integrada que incluirá toda a infraestrutura logística e de produção.

Furian lembra que nos EUA 25% da produção petrolífera está nas mãos de pequenas e médias empresas, enquanto no Brasil esse percentual é de apenas 5%. Em relação a RLAM, afirma que neste momento se processa a rodada final na qual as empresas que apresentaram propostas tem mais uma oportunidade de fazer uma oferta melhor do que a do fundo Mubadala, mas confirma que a venda deverá ser concretizada em dezembro, incluindo no pacote o Terminal de Madre Deus, o Temadre, que é atualmente o maior porto do Nordeste e que poderá operar cargas de terceiros. O diretor da Petrobras conclui confirmando que a Petrobras não terá mais ativos na Bahia, mas garante que todos os empregos serão preservados embora haja a possibilidade de transferência de trabalhadores para outros estados. A venda da RLAM já é uma realidade, aprovada inclusive pelo STF, e o importante agora é que haja investimentos e desdobramentos naquela que ainda é a mais importante cadeia produtiva da Bahia.

BIDEN, TRUMP E O BRASIL

Escrevo este artigo enquanto John Biden e Donald Trump disputam voto a voto a presidência dos EUA. Torço por Biden, pois sua vitória será a vitória da democracia. Mas também por conta da economia, pois Trump restringiu a exportação de vários produtos brasileiros, como aço e alumínio, além disso tem um viés nacionalista e protecionista, enquanto Biden reza pela cartilha da globalização. O democrata vai exigir uma política ambiental mais preservacionista e mais cuidadosa com a Amazônia, além de focar nas questões sociais, mas isso é bom. No mais, o Brasil tem um comércio exterior muito maior com a China, que representa cerca de 30% das nossas exportações, do que com os EUA em torno de 10%.

A POLÍTICA E A ACADEMIA

A política entrou no Palacete Góes Calmon, a sede da Academia de Letras da Bahia. A casa da literatura, que deveria estar acima da política partidária, foi envolvida em uma disputa entre defensores governo Bolsanaro e outros que defendem o Partido dos Trabalhadores e assim a polarização política aboletou-se na casa de Arlindo Fragoso à revelia da maioria dos acadêmicos. Instituições como a Academia de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico são depositários da cultura e da tradição e jamais deveriam se envolver em política partidária. Não é a primeira vez que isso acontece e nem será a última, mas a Bahia quer de volta a serenidade e a elegância da Academia de Letras da Bahia.

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