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ELEIÇÕES 2020 – ENTREVISTA CANDIDATO – JOÃO CARLOS BACELAR – PODEMOS

admin - 19/10/2020 07:00 - Atualizado 19/10/2020

Por: João Paulo Almeida

Bahia Econômica – Salvador é uma das cidades que mais gera desemprego no nordeste e no Brasil segundo dados do IBGE. Quais seriam os pontos que o senhor abordaria para gerar mais emprego em salvador?

João Carlos Bacelar – Salvador viveu uma grande desindustrialização. É hora de pensar na população, desenvolvendo iniciativas que envolvam os jovens e pessoas que estão fora do mercado de trabalho, com fomento a novas tecnologias. Não apenas na formação, mas no fomento de negócios ou cooperativas de serviços. O desenho seria a de construção de Centros Tecnológicos que estarão nos territórios, adotando a lógica da economia solidária e microcrédito a partir de bancos e moedas comunitárias. Enfim, pensar economia para as pessoas, projetos de trabalho coletivo, oficinas de ofícios e até investimentos em cooperativas, por exemplo, de mães, para gerir creches. Isso seria possível através de um fundo de fomento ao trabalho gerido por uma Agência Municipal de Desenvolvimento Social. O importante é compreendermos que os governos terão papel fundamental para a reconstrução de nossas economias no pós-pandemia. Um Estado com foco nas pessoas, mas que crie condições de superação das condições sociais desfavoráveis e aponte para o futuro.

BE- A base do governador veio para essas eleições com quatro frentes sendo uma delas a sua candidatura.  A senhora acredita que isso pode enfraquecer a frente de oposição a prefeitura?

JB – Eu imagino que o governador tenha sua preferência. Evidentemente que ele não pode dizer isso, mas eu tenho aqui comigo qual seja. De qualquer maneira que é uma honra ter este apoio claro e nítido. Primeiro turno existe para que todas correntes apresentem suas propostas para os cidadãos escolherem. Num segundo turno é que estaremos juntos, naquele que os cidadãos escolherem. Esta é alma da democracia.

BE- As pesquisas apontam o candidato do prefeito ACM Neto com vantagem diante de todos os cenários. Como trabalhar para reverter essa situação? 

JB – Comece lendo o número de indecisos: entre 17% e 20% do total de eleitores. A campanha começará agora. Nossa candidatura se apresenta como a candidatura dos bairros e é lá que estamos jogando nossas energias. Temos o melhor programa de governo para Salvador. Trouxe, inclusive, o formulador da proposta de gestão pública mais premiada da América Latina. E temos este apoio do governador que você citou. Nos primeiros movimentos que demos após a convenção que oficializou nossa candidatura, sentimos um apoio crescente, justamente das regiões que queremos atuar fortemente. Fizemos um mapa localizando todos equipamentos municipais e percebemos uma desigualdade assustadora: para os governos, existe uma Salvador de primeira categoria e uma Salvador de segunda categoria. Vamos mudar essa situação e todos que estão nos ouvindo percebem que nossos diagnósticos e propostas são realmente factíveis e vai mudar suas vidas para melhor. Portanto, você precisa me dar tempo. É só o que peço.

BE- Quais seriam suas propostas para educação básica de Salvador? 

JB – Vamos implantar o Comunidades Educadoras, que foi premiada pela UNESCO em 2017. O projeto se baseia em técnicos que visitam semanalmente as famílias de alunos com queda brusca de aprendizagem, sinais de violência ou abandono social e residem em áreas de alta vulnerabilidade. O programa colhe informações e cria uma rede de apoio com foco no aluno e na sua mãe (ou responsável feminino). Os dados do IBGE revelam que o principal fator de desempenho escolar no Brasil é o perfil da mãe e sua relação com seus filhos. A rede que se cria após o levantamento de dados, envolvendo escolas, secretarias de saúde e assistência social, conselhos de direitos, associações de bairro e conselhos tutelares dão resultados surpreendentes. Em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde o programa foi implantado pela primeira vez, o resultado foi queda de mais de 80% de evasão escolar e casos de violência escolar e melhoria em mais de 60% das notas dos alunos que apresentavam mais dificuldades de aprendizagem. Resultado obtido em pouco mais de um ano de programa. Queremos, ainda, criar módulos de ampliação das escolas municipais, um dos poucos equipamentos que estão bem distribuídos pelo município de Salvador. Queremos ampliar para agregar centros culturais, de assistência social, em saúde para a família e adolescentes, esporte, enfim, transformando este equipamento educacional em um grande centro de convivência social. Estamos nos baseando no Projeto Urbano Integral (PUI) que foi implantado em Medellín, Colômbia, e que recebeu o “prêmio nobel de urbanismo”, o Lee Kuan Yew World City Prize.

BE- Quais seriam suas propostas para saúde pública de Salvador? 

JB – Nossa proposta para a saúde na cidade de Salvador pode ser sintetizada em duas grandes diretrizes: tornar saudável nossa cidade e consolidar um SUS para atender a todas as necessidades e as demandas do povo com acesso garantido a serviços de qualidade.

Um município saudável decorre da implementação de políticas que promovem a qualidade de vida. Isso significa moradia, escola, trabalho e emprego, lazer, segurança pública transporte, meio ambiente e segurança alimentar.  Todos esses setores de governos estarão mobilizados para proporcionar qualidade de vida ao povo e fazer de Salvador uma cidade saudável. Estaremos promovendo a saúde, incidindo na origem e nas causas das doenças.

A segunda diretriz é melhorar ou melhor, ampliar a cobertura e a oferta de serviços e conferir qualidade ao atendimento em saúde. A base para isso será a implantação de redes de saúde em cada território para atender com integralidade todas as necessidades de saúde. Estas redes têm na sua base as unidades com suas equipes multidisciplinares de saúde da família funcionando três turnos –manhã, tarde e noite- com alta capacidade de resolver mais de 95% dos problemas de saúde da população de seu território.

Na retaguarda destas equipes serão ampliados os recursos diagnósticos, terapêuticos e de pronto atendimento. Isso se dará por meio de núcleos de apoio às equipes e através das clinicas de especialistas para aquelas situações que se fizerem necessárias. As Unidades de Pronto Atendimento (UPA) com funcionamento 24 horas, atenderão os casos que requerem urgência uma região de saúde, ou seja, um distrito sanitário. Na ponta dessa rede ficarão os prontos socorros e hospitais gerais para internação e os casos mais complexos contarão com    hospitais especializados de alta complexidade que já existem e que devem ser melhorados. Na medida em que o povo de Salvador contar com solução de atendimento perto de seu território serão desafogadas as filas de pronto Socorro e de hospitais… assim melhora a qualidade em toda a rede.

Os indicadores de saúde e a as ouvidorias e as pesquisas de satisfação dos usuários do SUS serão monitorados de forma a apoiar a gestão no aperfeiçoamento do SUS.  A gestão será compartilhada, participativa. Os conselhos locais, distritais e municipal de saúde serão fortalecidos como mecanismos de participação social. Convocaremos uma conferência par debater a saúde no primeiro ano de governo e seguiremos à risca suas deliberações.

A pandemia mostrou a importância de um SUS forte. O atual governo deixou a população desassistida nos seus problemas de rotina. Isso merecerá um cuidado e um esforço especial nos nossos primeiros 3 meses de governo zerando estas pendencias. Zerar filas de espera por cirurgias, tratamentos, etc. enfim, colocar os serviços para funcionar.

BE- Os funcionários públicos estão a muito tempo sem reajuste e insatisfeitos com a gestão do prefeito. Como o senhor vai lidar com o funcionário público na cidade? 

JB – Governar é fazer escolhas e o meu lado será sempre do trabalhador. O Governo Municipal encara o servidor como custo e problema, sendo que na verdade ele é o maior patrimônio. Um profissional valorizado e reconhecido produz mais do que um desmotivado e custa bem menos que um terceirizado na iniciativa privada. Em primeiro lugar trabalharemos com uma mesa de diálogo permanente criando um espaço entre os representantes da categoria e Governo para dialogar na construção dos seguintes temas:

1 – Estabelecimento de metas coletivas de desempenho;

2 – criação de critérios objetivos de avaliação do servidor;

3 – estabelecimento de uma política sustentável de remuneração;

4 – estabelecimento de políticas de segurança, cuidado e saúde do trabalho;

5 – melhora do serviço público e sua imagem perante a sociedade. Em segundo lugar buscaremos a substituição gradual de terceirizados na iniciativa privada por servidores e empregados públicos. Isso irá desonerar a Prefeitura, pois não haverá lucro para um determinado grupo econômico;

BE- O senhor pretende manter a expansão do BRT?

JB – Pretendo manter a expansão do BRT, porém nossa proposta inova ao propor um plano de melhor integração com as linhas de metrô, criação de linhas alimentadoras, implantação de ciclovias e bicicletários públicos nos pontos e estações. Hoje, os moradores do interior dos bairros têm dificuldade de chegar aos pontos, estimulando o uso de carros e motocicletas. Para transformar o trânsito caótico de salvador não basta soluções pontuais, mas várias ações integradas e articuladas com um verdadeiro novo pacto pela mobilidade.

Foto: divulgação

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