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JORNAL A TARDE – ARMANDO AVENA: O MINISTRO E AS FERROVIAS DA BAHIA

Redação - 17/09/2020 08:15 - Atualizado 17/09/2020

Em se tratando das ferrovias da Bahia, o  Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, esta fazendo festa com pouco presente. Na semana passada, por exemplo, levou o Presidente Jair Bolsonaro ao Oeste para anunciar a construção pelo exército de 18 km da Fiol – Ferrovia Oeste Leste, o que representa apenas 0,04% do trecho entre Barreiras e Caetité e 0,01% da ferrovia toda. Depois anunciou, que de um total de  R$ 9 bilhões que a Vale vai pagar pela renovação da concessão de duas ferrovias, R$ 400 milhões, ou cerca de 4,5%, seriam aplicados na fase III da Fiol que sequer começou.

Mas os problemas são muito maiores. Além da Fiol, a Bahia tem em seu território  uma ferrovia importantíssima, com um trecho que liga a Região Metropolitana de Salvador a Paulínea, em São Paulo, – que transporta produtos petroquímicos, insumos, motores e outros produtos – e com outros ramais dentro da Bahia, todos operando mas sem investimentos há décadas. Trata-se da FCA – Ferrovia Centro Atlântica, controlada pela VLI Logística que tem a Vale como sócia. Pois bem, o Ministério da Infraestrutura negociou a renovação da concessão da  FCA e em troca  vai receber cerca de 4,5 bilhões em investimentos, mas desse total alocou apenas 7% para a Bahia, embora as ferrovias no estado estejam em estado crítico.

O mais grave é que esse investimento minguado não foi alocado na recuperação das ferrovias da FCA, mas destinados para a fase III da Fiol, um trecho que nem sabe ainda que trajeto vai ter. Ora, recursos advindos da outorga da FCA devem ir para investimentos na malha da FCA  e destinados a modernização da própria ferrovia, a construção do canal de trafégo ligando Camaçari ao Porto de Aratu, a modernização do ramal ferroviário Alagoinhas-Juazeiro, que está abandonado, e a solução do maior gargalo ferroviário do país: a ponte entre Cachoeira e São Félix. Aliás, alguém precisa dizer ao Ministro e ao Presidente que a única ligação ferroviária entre o Nordeste e Sudeste do Brasil foi construída pelo Imperador D. Pedro II e basta ver o trem passar para se voltar ao século XIX.

E o descaso com a Bahia tem sido tão grande que o valor das multas impostas a FCA pelo abandono das ferrovias na Bahia foram usados para construir o metrô de Belo Horizonte. Em resumo: é bom que o Ministro da Infraestrutura, Tarciso Freitas, garanta a construção de um pedacinho da Fiol, é bom que estimule o empresariado baiano a fazer  pressão junto ao TCU pela liberação do processo que está impedindo a licitação do trecho entre ilhéus e Caetité, mas, em se tratando do sistema ferroviário da Bahia, isso é quase nada.

                                   AS FERROVIAS E O GOVERNO DO ESTADO

O secretário de Infraestrutura da Bahia, Marcus Cavalcanti, vem lutando pela implantação da Fiol, mas segundo ele os recursos da renovação da concessão da FCA não deveriam ser destinados a outras obras. “É preciso estabelecer uma agenda de investimentos obrigatórios na malha da própria FCA na Bahia, que há décadas não tem investimentos. Além disso, na divisão do valor arrecadado com a renovação da concessão,  a Bahia não pode ficar com apenas 10% do total de recursos”, afirmou o secretário. Cavalcanti lembra ainda que o governo federal precisa discutir o melhor trajeto do trecho 3 da Fiol, pois estudos mostram que Figueropólis não é o destino ideal sob o ponto de vista econômico.

                                         DE POSTO IPIRANGA A ROLANDO LERO

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, antes conhecido como Posto Ipiranga, agora está sendo chamado no meio empresarial de Rolando Lero por conta dos projetos liberais que defende e nunca concretiza. Guedes, que prometeu o maior programa de privatização da história, não privatizou uma estatal sequer e vai entrar nos compêndios de economia como o  único liberal cuja ideia fixa é o aumento de impostos. E agora  jogaram uma pá de cal no liberalismo guediano, com o Ministério da Justiça exigindo planilhas aos supermercados por conta do preço do arroz e o Presidente Bolsonaro proibindo a equipe econômica de pensar em qualquer redução em projetos sociais. É ocaso do homem de Chicago.

 

 

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