Os preços dos alimentos estão em alta, assim como os preços nas lojas de material de construção, mas ainda não podemos falar em inflação. O conceito de inflação supõe aumentos de preços generalizados, permanentes e contínuos em vários setores da economia. Por isso, o que está ocorrendo atualmente parece ser um pico de demanda, resultado do auxilio emergencial, que aumentou o consumo de alimentos e material de construção nas classes de menor poder aquisitivo. E também do aumento na cotação do dólar, que era de R$ 4,00 em agosto de 2019 e pulou para R$ 5,46, um aumento de 37% que tornou muito mais vantajoso exportar do que vender no mercado interno e isso com a China comprando o que vê pela frente.
À princípio, tudo indica que é um movimento pontual, uma “inflação da feira e do supermercado”, e que os preços tenderão a se reduzir quando houver a queda da demanda, até porque o auxilio emergencial vai ser cortado pela metade, a taxa de desemprego permanece alta e o varejo ainda se ressente de um certo grau de isolamento social. Mas, infelizmente, há outros fatores envolvidos e a inflação pode voltar. Em primeiro lugar, não há sinais de que a demanda vá refluir, pelo contrário, a maioria dos setores da economia está retomando as atividades, o setor industrial está crescendo, a construção civil está em alta, a classe média, que fez poupança forçada por 6 meses, está pronta para ir ás compras e o crédito ao consumidor é o mais barato dos últimos anos.
E qualquer economista sabe que taxa de juros real quase negativa, como a que o Brasil tem hoje, é estímulo ao consumo. Além disso, é preciso levar em conta que o dólar alto vai elevar o custo de vários setores e que a inflação dos alimentos representa 13% no cálculo do IPCA e pode disseminar a alta de preços pela economia. Para completar é preciso lembrar que o auxilio emergencial, mesmo pela metade, é um valor adicional que não existia antes da pandemia e que significa que o governo vai continuar colocando no mercado R$ 25 bilhões/mês cujo destino será o consumo.
Junte-se a tudo isso, o fato do governo federal ter colocado na economia, para fazer frente a pandemia, bilhões e mais bilhões de reais criados através de emissão de títulos, o que aumentou a base monetária, sem correspondente aumento da produção, o que significa uma massa monumental de dinheiro extra circulando na economia, nas mãos das pessoas e dos estados e municípios. Em suma, a âncora monetária se esfacelou e para que a inflação não retorne, ou o país permanece em recessão, ou o governo se agarra a âncora fiscal que é o teto de gastos.
A VENDA DA CONCESSIONÁRIA BAHIA NORTE
A concessionária Bahia Norte, que administra as rodovias que interligam o Polo de Camaçari, o CIA, o Porto de Aratu, a região turística do Litoral Norte e o Aeroporto de Salvador, foi vendida para o fundo paulista Monte Equity Partners. O fundo adquiriu as ações da Odebrecht e da Invepar, que detinham cada uma 50% do total. Foi um negócio da ordem de R$1,5 bilhão e, segundo o empresário Julio Zogbi, sócio fundador da Monte, a empresa já manteve contatos com a Secretaria de Infraestrutura e a Agerba e a intenção é cumprir todas as metas estabelecidas na concessão e ampliar os investimentos em outras rodovias na Bahia. O grupo comprou também outras duas concessionárias pernambucanas.
PIB DA BAHIA CAI 8,7%
O PIB da Bahia caiu 8,7% no segundo trimestre de 2020, em relação a igual período do ano passado, desempenho melhor que o nacional por conta do setor agropecuário, que cresceu 7,3% mesmo na pandemia. Mas o setor de Serviços, que representa cerca de 70% do PIB, despencou 11,5%, com a retração no turismo e de mais de 15% no comércio e nos transportes. A indústria de transformação caiu 12,8% e a construção civil reduziu seu PIB em 12%. A arrecadação de impostos caiu 15% e, não fosse os recursos vindo da União, a situação seria difícil. E até o PIB do agronegócio caiu 2,4%. Mas isso é passado, o futuro já aponta crescimento na indústria, construção civil e, mais lentamente, no setor serviços.
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