A pandemia fez o Brasil ficar menos desigual. Por iniciativa do Congresso Nacional, em março de 2020, o país instituiu um auxilio emergencial de 600 reais por três meses para trabalhadores informais e desempregados. Com isso, fez-se uma revolução e a economia caiu muito menos do que se esperava e a extrema pobreza no Brasil atingiu seu menor nível em 40 anos. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, em junho, em plena pandemia, existiam 7 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza, metade do que no ano passado. O auxilio emergencial aumentou a renda domiciliar per capita e vai impedir que o PIB brasileiro tenha uma recessão brutal. Se for mantido, quanto a pandemia tiver fim a economia brasileira terá o maior crescimento de sua história, por conta do aumento de demanda.
Em todo o mundo já se sabe que a melhor forma de reduzir a pobreza e estimular a economia é colocando o dinheiro na mão de quem vai consumir. É muito mais efetivo do que montar um programa de apoio a qualquer coisa, um subsidio a qualquer coisa ou criar um ministério para qualquer coisa, pois tudo isso leva a desperdício de recursos e corrupção. Mas quando o dinheiro vai para a mão de quem necessita, ele move a roda do sistema e consumindo o que quer faz a economia produzir e gerar empregos. Em poucas palavras: o auxilio emergencial deveria tornar-se permanente.
Naturalmente, manter um auxilio de R$ 600,00 como é hoje é inviável por muito tempo, já que quase 50% da população está recebendo o benefício, gerando um custo por mês de cerca de R$ 50 bilhões. Mas é perfeitamente possível redimensionar esse custo tanto em termos de valor quanto em termos de abrangência – para que atinja apenas as famílias mais pobres – tornando-se um programa de renda mínima que custaria ao governo algo como R$ 20 bilhões por mês – ou, anualmente, menos de 5% do orçamento da União. Esse montante poderia ser tirado do orçamento do Ministério da Saúde, da Segurança e de muitos outros, pois com mais renda as pessoas adoeceriam menos, os jovens se dedicariam menos ao crime e o aumento da demanda geraria muito mais empregos e aumentaria a arrecadação do governo.
Um programa como esse, uma ampliação do Bolsa Família, tem, naturalmente, de focar em famílias pobres, estar vinculado a medidas protetivas para as crianças e adolescentes na área saúde e de educação e ter uma porta de saída, ou seja, ao conseguir o emprego formal o beneficiário perde a renda mínima. Esse tipo de programa foi implantado em todos os países ricos e capitalistas e tem o condão de dinamizar a economia, mas não pode ser apropriado pelos políticos, como sempre ocorre no Brasil.
A VENDA DA RLAM
O grupo Mubadala venceu o grupo indiano Essar e apresentou a melhor proposta para compra da RLAM – Refinaria Landulpho Alves. O fundo árabe já controla a empresa Deten Química, no Polo Petroquímico e compra seus insumos na refinaria. Para que a RLAM seja vendida basta que o grupo Mubadala e a Petrobras acertem os termos do contrato. Mas os presidentes do Senado e da Câmara recorreram ao STF considerando a venda ilegal, pois supostamente iria de encontro a decisão do STF que prevê autorização do Congresso para a venda de estatais. O governo diz que a decisão do STF não veta a criação de subsidiarias, nem a venda delas. A RLAM é a maior empresa da Bahia.
UM NOVO PLAYER NO OESTE
A Cofco Internacional, maior processadora de alimentos da China, compra cerca de 10% da soja no Oeste, estando entre as 6 maiores tradings – juntamente com Amaggi, Louis Dreyfus, Cargill, Bunge e ADM – da região do Matopiba, que engloba as áreas de cerrado da Bahia, Piauí, Maranhão e Tocatins. E esse gigante chinês está preocupado com o desmatamento. Baseado em estudos recentes, que mostram que grande parte da soja comprada pelas empresas resultou de desmatamento de áreas nativas do Cerrado, no Matopiba, inclusive no Oeste, a Cofco anunciou que vai exigir a rastreabilidade de toda a soja produzida, para evitar a compra proveniente de áreas desmatadas ilegalmente.