Nas palavras de Pedro Bial que abriram o programa desta quinta, 25/6, o capitalismo é ótimo em produzir riqueza, mas deixa a desejar no que diz respeito à distribuição. Mais da metade dos brasileiros sobrevive com meio salário mínimo, cerca de R$ 400 por mês, e 1% da população concentra 28% da renda. Os economistas convidados do Conversa com Bial, Armínio Fraga e Laura Carvalho, concordam que políticas de combate à desigualdade social trariam, também, crescimento econômico.
Para Armínio Fraga, os remédios para tratar a desigualdade são os mesmos que ajudariam o Brasil a crescer mais: investimentos sociais básicos, como saneamento, saúde e educação. Laura Carvalho complementa enfatizando o custo alto da desigualdade, cujas consequências vão muito além da violência. Ela explica que a concentração de riqueza é, também, concentração de poder no sistema político, o que limita a capacidade de atender às necessidades de toda a população.
Autora do recém-lançado “Curto-circuito: o vírus e a volta do Estado”, escrito sob e sobre os efeitos da pandemia, Laura fala sobre como o coronavírus massacra especialmente os brasileiros mais pobres. Assim como a desigualdade, trata-se de um problema impossível de ser resolvido apenas para alguns. “Nossa estrutura de desigualdade é tão abissal e antiga que ela também traz a indiferença, inclusive com esse número de mortes.”
Armínio Fraga, que foi aluno de Paulo Guedes, acredita que as previsões positivas do economista de Jair Bolsonaro para 2021 são otimistas demais. Para Laura, que defende a manutenção do auxílio emergencial a longo prazo, a pandemia já encontrou o Brasil em lenta recuperação do fraco desempenho do PIB nos anos anteriores, com desemprego elevado e informalidade recorde. “Imaginar que no ano que vem as coisas vão estar bem o suficiente para que o governo volte ao normal, o que significa acelerar a agenda de reformas, pode ser fatal para as nossas perspectivas de recuperação.”
A dupla defende que a desigualdade se manifesta, também, na cobrança de impostos, que favorece os mais ricos. Fraga disse acreditar que seja possível implantar no Brasil medidas de taxação mais rigorosas para bilionários, como Bill Gates, o segundo mais rico do mundo, defende que seja feito nos Estados Unidos. “Vamos ver como é que isso se manifesta na arena política. Eu diria que a política no Brasil é predominantemente conservadora no sentido mais tosco, de conservar poder e riqueza.”
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