Márcia Oliveira de Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz – ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) –, disse ao marido, em novembro do ano passado, que iria para São Paulo caso tivesse a prisão decretada. Às 22h30 desta quinta-feira (18), ela era considerada foragida da Justiça. Também nesta quinta, Queiroz foi preso, em um sítio em Atibaia, no interior de São Paulo. A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a prisão dela, que também foi assessora parlamentar de Flávio Bolsonaro na época em que o político foi deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A troca de mensagens com o marido – na qual Márcia revela que se esconderia em São Paulo caso tivesse a prisão decretada – consta em investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) citada na decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio.
O diálogo, segundo o órgão ministerial, ocorreu em novembro de 2019, quando o casal estaria cumprindo ordens de alguém com codinome “Anjo”. Segundo o MP, “Anjo” teria “poder de mando”. A decisão não explicita quem seria a pessoa, mas numa das mensagens Queiroz contou a Márcia estar na casa de “Anjo”. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi preso em uma casa do advogado Frederick Wassef que fica em Atibaia, no interior de São Paulo.
Na conversa, Queiroz diz a Márcia que “Anjo” pretendia mandar “todos” para São Paulo caso não vencessem o julgamento. Para o MP, o ex-assessor se referiu a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o uso de informações do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Meses antes, Wassef conseguiu uma liminar no próprio STF interrompendo as investigações que utilizassem as informações indicadas em relatório do conselho. A decisão dos ministros da Corte não foi favorável ao advogado de Queiroz e de Flávio Bolsonaro, e permitiu o compartilhamento de informações sobre movimentações financeiras sem o aval da Justiça.
Márcia disse a Queiroz considerar ir para São Paulo caso houvesse a decretação da prisão. A casa onde Fabrício Queiroz foi preso estava registrada como sendo um escritório de advocacia. No entanto, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não encontrou indícios de que no local funcionasse, de fato, um escritório. Durante a manhã de quinta-feira, agentes do MPRJ fizeram buscas em vários endereços, mas não localizaram Márcia em nenhum deles.
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