Irritado e abatido, o presidente Jair Bolsonaro buscou ao longo do dia de ontem uma estratégia para afastar do Planalto o desgaste com a prisão de Fabrício Queiroz. O presidente fez críticas à prisão e falou em perseguição por parte do Judiciário. Já o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) disse encarar com “tranquilidade” a prisão do seu ex-assessor, na manhã de ontem. Flávio disse que a prisão foi feita para “atacar” seu pai, argumentando que em 16 anos como deputado estadual “nunca houve uma vírgula” contra ele, mas que isso mudou após a eleição de Bolsonaro.
— Não sou advogado do Queiroz e não estou envolvido esse processo. Queiroz não estava foragido e não havia nenhum mandado de prisão contra ele. E foi feita uma prisão espetaculosa. Já deve estar no Rio de Janeiro, deve estar sendo assistido por seu advogado, e que a Justiça siga o seu caminho. Mas parecia que estavam prendendo o maior bandido da face da Terra — afirmou o presidente. — Tranquilamente, se tivesse pedido ao advogado, creio eu, o comparecimento dele a qualquer local, ele teria comparecido. Por que estava naquela região de São Paulo? Porque é perto do hospital de onde faz tratamento de câncer.
O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, quando era deputado estadual no Rio de janeiro. Ele foi preso em Atibaia (SP), por ordem do juiz Flávio Itabaiana, e foi levado ao Rio onde ficará detido. Queiroz e o senador são investigados pelo esquema da rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio.
O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, quando era deputado estadual no Rio de janeiro. Ele foi preso em Atibaia (SP), por ordem do juiz Flávio Itabaiana, e foi levado ao Rio onde ficará detido. Queiroz e o senador são investigados pelo esquema da rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio. Em reunião pela manhã com os ministros de Justiça, André Mendonça, Secretaria Geral, Jorge Oliveira e Advocacia-Geral da União, José Levi, Bolsonaro considerou haver uma perseguição do Judiciário. Na avaliação do presidente, há uma tentativa de criar um clima de instabilidade no governo.
“Encaro com tranquilidade os acontecimentos de hoje. A verdade prevalecerá! Mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro. Em 16 anos como deputado no Rio nunca houve uma vírgula contra mim. Bastou o Presidente Bolsonaro se eleger para mudar tudo! O jogo é bruto!”, escreveu Flávio no Twitter.
Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) compartilhou uma publicação que traz uma lista de outros deputados investigados pela mesma suspeita — um suposto esquema de rachadinha Alerj — e questionou porque apenas Queiroz foi preso. “Realmente é um fato no mínimo intrigante…”, escreveu Eduardo.
No Palácio do Planalto, o clima é de apreensão com o depoimento que Queiroz deve prestar nos próximos dias. Aos aliados, Bolsonaro reclamou ser a terceira ação da semana contra seus apoiadores. Na segunda-feira passada, a Polícia Federal prendeu a extremista Sara Giromini. A prisão temporária foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes (STF). Na terça, Moraes determinou a quebra de sigilos bancário de 11 parlamentares bolsonaristas no inquérito que investiga financiamento de manifestações antidemocráticas. Ontem, Queiroz preso.
Ministros próximos ao presidente admitem a dificuldade do governo em se desvincular da prisão de Queiroz, detido numa das casas do advogado de Flávio, Frederick Wassef. Fred, como é conhecido, participou da posse do ministro Fábio Faria no Planalto na quarta-feira. Ele aparece ao menos 13 vezes em agendas do presidente e sempre alegou ter acesso fácil a Bolsonaro. Membros do governo já aconselharam Bolsonaro a substituí-lo. Na busca por advogados mais discretos, Bolsonaro recebeu o criminalista Eduardo Carnelós no gabinete do Planalto em 22 de janeiro. Avesso a entrevistas, Carnelós foi advogado de Michel Temer.
A prisão de Queiroz joga mais uma pá de cal na tentativa de pacificar a com o Judiciário. Segundo auxiliares do presidente, Bolsonaro fez sinalizações necessárias de paz ao Judiciário, como a demissão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, “mas o Supremo não cessou fogo”.
Foto: divulgação