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WIZARD VOLTA ATRÁS E RECUSA CARGO NO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Redação - 08/06/2020 08:15

O empresário Carlos Wizard informou, em nota, que não vai mais colaborar com o Ministério da Saúde na função de “conselheiro” do atual ministro, Eduardo Pazuello. Nas últimas semanas, Wizard vinha participando de reuniões na pasta sobre a pandemia do coronavírus. Ele não chegou a ser nomeado no “Diário Oficial da União” e, por isso, também não recebeu dinheiro público.

Na nota, o empresário afirma que chegou a ser convidado para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Mas, segundo o texto, ele recusou. “Agradeço ao ministro Eduardo Pazuello pela confiança, porém decidi não aceitar para continuar me dedicando de forma solidária e independente aos trabalhos sociais que iniciei em 2018 em Roraima”, diz o comunicado.

Nesta sexta (5), Wizard afirmou que o ministério iria revisar os dados de contaminados e mortos pelo novo coronavírus, com base em uma suspeita de que os estados estariam “inflando” os números. A declaração gerou reações negativas fortes ao longo de todo o fim de semana. Desde a saída do ministro Nelson Teich, em maio, Wizard vinha sendo cotado para assumir o cargo. Formado em estatística e ciência da computação, o empresário não tem qualquer formação em medicina ou em gestão pública. Como empresário, Carlos Wizard é dono de empresas de venda de produtos naturais e de sistemas de pagamento virtual.

Declaração polêmica

A declaração polêmica de Wizard, sobre a “recontagem” dos mortos por Covid-19, foi publicada pela coluna da jornalista Bela Megale, de “O Globo”. O Ministério da Saúde ainda não confirmou essa decisão. De acordo com o blog, Wizard disse que “tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid.”

O “anúncio” do então colaborador do governo gerou reação por parte do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que reúne os gestores dos 26 estados e do Distrito Federal. O órgão divulgou no sábado (6) uma nota em que repudia as afirmações de Wizard. Na nota, os secretários estaduais classificam a acusação como uma “tentativa autoritária, insensível, desumana e anti-ética de dar invisibilidade aos mortos pela Covid-19”.

Ainda de acordo com o Conass, ao levantar suspeita sobre os dados, Carlos Wizard revelou “profunda ignorância sobre o tema” e “insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias”. Na nota divulgada, o empresário pede desculpas pela declaração.

Divulgação de dados piorou

Além da polêmica gerada pela declaração de Wizard, a divulgação dos dados da Covid-19 também gerou reações negativas de especialistas e autoridades no fim de semana. Na sexta-feira e no sábado, os boletins diários divulgados pelo Ministério da Saúde sobre o coronavírus só indicaram os dados referentes às 24 horas anteriores. Os números acumulados de contágios e mortes, assim como as taxas de infecção e letalidade pela média populacional, “sumiram” do documento.

Os dados também desapareceram do portal oficial do Ministério da Saúde sobre a pandemia, pela primeira vez em mais de dois meses de funcionamento do site. Em reação, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) lançou um portal paralelo para divulgar os dados. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o Tribunal de Contas da União (TCU) declararam que pretendiam fazer divulgações similares.

Na noite deste domingo, o Ministério da Saúde divulgou nota informando que está “finalizando a adequação da divulgação e ferramentas de informação sobre casos e óbitos de Covid-19. “O objetivo é que, nos próximos dias, estejam disponíveis em uma página interativa que possa trazer os resultados desejados pelo usuário. Assim, será possível acompanhar com maior precisão a dinâmica da doença no país e ajustar as ações do poder público diante a cada momento da resposta brasileira à doença”, diz a pasta.

A nota não explica por que, desde a última sexta, o governo deixou de divulgar os dados acumulados da doença – tanto para contágios quanto para óbitos decorrentes da Covid-19.

Foto: divulgação

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